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Dezembro 09, 2020
da tua pele derrama um enérgico perfume a florir. nela, arquétipo do cetim, o voo atabalhoado da respiração. sei ser impraticável esquecê-la. é, em mim, profunda floresta. com nevoeiro rasteiro, mas com o esplendor a brilhar intensamente por cima das copas. e queima. é preciso ser alto.
do teu corpo o fulgor. mão na anca e dança ansiosa. o imaginado entra e sai. ruborescer. seguro e beijo e sufoco nas pérolas. os meus dedos alongam até mergulharem. até se esconderem no ninho dos segredos.
a tua boca, esfomeada e entreaberta, a desenhar-me mistérios no peito e nas pernas, a tua língua. os teus olhos cintilantes, os lábios, o mar e o perpétuo movimento. o meu corpo rendido. trémulo. húmido e longo.
recordar as flores. a crescerem-te lentas ao meu toque. recordar o gemido e o sorriso. os suores misturados e as chamas (o contorcer ritmado das chamas) e o segurar do orgasmo entre as pálpebras. recordar o imperecível recomeço e chorar.