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Novembro 30, 2018
o alpendre voltara a diminuir e mudara de cor: chão; teto; porta de entrada na casa. agora tudo era azul. a própria noite mudara para azul. estrelas azuis e brilhantes no denso e opaco céu azul. como já disse, o Sol ainda não nascera, mas os primeiros raios azuis, como as notas lentas de um piano, já se tentavam escapar. pintavam de azul a praia, o alpendre e a rua entre eles. Coloriam de azul a pele das pessoas que saíam da Riomar em bandos barulhentos e de quem nos escondíamos.
quando nasceu, o Sol lançou, sobre nós, um braço de plasma azul, translúcido e quente. envolveu-nos. era ligeiro, não tinha ainda os músculos dos irmãos por nascer, mas teve força suficiente para nos incendiar de novo. entre os nossos lábios surgira uma fogueira de chamas azuis, alimentadas pela proximidade e pelo descompasso da respiração.
lágrimas azuis de alegria azul desciam pelo meu rosto azul e, azuis, caíam sobre os teus lábios azuis.
amor.
azul.
tudo.
toda tu.
profundo.