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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

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>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

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Dezembro 09, 2018

de tarde, nesse mesmo dia, depois de dormir o pouco que, dentro de uma tenda, o calor permitia, fui almoçar umas imperiais – que tempos – numa esplanada da rua dos bares. Se não estou em erro no Alfredo ou na Albertina. pode também ter sido no café dos pais da Dora ou no Kopus. lá me encontraste. sentaste-te, falámos um pouco e, já não sei como nem porquê, fomos – nós e todos os que estavam comigo – ao parque de campismo. em princípio não poderias entrar, mas como era a Josi que estava na portaria não houve qualquer problema. se calhar estás a pensar que não foi nada assim. não importa. em alternativa foste lá ter comigo. o importante era que lá estavas e, a certa altura, sem usarmos nenhuma desculpa parva, decidimos em silêncio que era dentro de uma tenda que deveríamos estar. escolhemos, novamente em silêncio, a tenda do Emanuel que, das nossas quatro, era a única para três pessoas, apesar de ser a única onde só dormiam duas pessoas.

não estou totalmente certo, mas acho que vestias uns calções de algodão cor de laranja e uma t-shirt, de alças, cuja cor não recordo. entrámos na tenda de mãos dadas. como sempre fazíamos: de dedos entrelaçados, como notas da mesma pauta e apertando entre eles a pressa de estarmos sozinhos. eras orquídea azul, a crescer-me. semeada no meu sangue.

sentámo-nos. frente a frente. apenas cerca de dez centímetros nos separavam. estávamos na posição de Buda, mas com as mãos abertas e suavemente colocadas sobre os joelhos. olhávamos, com um ténue sorriso, um para o outro e no exato ponto em que os nossos olhares se cruzavam havia um remoinho suspenso. no seu íntimo, giravam flores azuis e pequenos pontos de luz fulgurante. agarraste-me na mão direita, levantaste-a e com toda a ternura levaste-a e colocaste-a sobre o peito. ainda hoje não sei se o gesto foi literal ou metafórico. certo é que o teu coração batia acelerado. descompassado. certo é o meu mindinho te ter tocado e de isso provocar um gemido, um fechar de olhos e uma contenda furiosa de trocas.

cruzaste os braços e agarraste na t-shirt pela bainha. tiraste-a pela cabeça. devagar. ventre. peito. ombros. despiste a t-shirt e vestiste o fulgor. sorríamos. no meu corpo a febre e o tremor. no teu as minhas mãos.

já não me lembro para que lado, mas deitámo-nos. tu de costas. eu de lado, encostado ao teu tronco despido. as nossas línguas estavam entregues à tarefa de dar. a minha mão começou nos teus joelhos  uma viagem ao mundo do deleite, passando os dedos levemente pelo interior das tuas coxas.

quero pedir-te desculpa por demorar tanto tempo a escrever-te: memória sem mãos é um bicho violento. não raras vezes, enquanto escrevo, sinto-lhe a humidade devorar-me o rosto e tenho que parar.

nem a maciez rígida das tuas pernas, nem o fresco e azul calor que delas provinha, me prepararam para o misterioso trovão nas minhas costas, provocado pelo nervo da tua virilha a contrair-se na minha mão. depois, desviei a ternura e deixei que os meus dedos te bebessem. arqueaste o corpo. rodeava-nos um azul e frágil silêncio. nesse momento, enquanto bebia na fonte de rosas, estava a beijar-te e senti que engoliste um gemido.

na nossa pele haviam ondas.

ondas de fogo e sangue, vertiginosas.

as tuas ancas doces

intimidavam o tempo com o desejo e deslizavam-me nas mãos.  rodei e deixei-me tombar sobre o teu corpo. as tuas mãos exploravam e pressionavam as minhas costas.

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