D.
Março 11, 2015
Eu e a D. fomos a nossa casa. Decidimos pedir comida e jantar por lá.
Devo ter algum fetiche com balcões de cozinha ou com fatos de treino. É impressionante o estado em que fico quando vejo a D. assim vestida a lavar a loiça. Se calhar o fetiche é com a D. A verdade é que fico louco de desejo.
Já durante o jantar a D. tinha-me enlouquecido fazendo algumas brincadeiras com a comida nos lábios. Nos dela e nos meus. Agarrou batatas fritas como se agarrasse em mim. Comeu como se me beijasse. Bebeu a mordiscar levemente a beira do copo como se fossem os meus lábios que mordia. Sempre com os olhos fixos nos meus. Provocava-me a cada pedaço. Desafiava-me. Quando falava arrastava a voz como que a gemer em vez de falar:
- Estás a deixar-me maluco. – Disse-lhe em tom de aviso.
- Porquê? – Respondeu e perguntou com o ar atrevido de quem sabe a resposta. Os dois carrapitos e o olhar sorridente intensificavam o ar afoito da D. e despertavam ainda mais a vontade que já tinha de fazer do corpo dela uma fonte cristalina onde eu pudesse mergulhar.
- Não sei. Estás bonita e a despertar o meu querer. Estás a estimular o meu sangue. Depois não te queixes.
- Queixar-me? Eu? – Respondeu com um provocante e falsamente tímido sorriso nos lábios.
Motivador.
Tínhamos lá ido para pintar a sala e já durante a tarde, sem saber e provavelmente sem querer, a D. tinha originado em mim um profundo anseio. O jantar estimulou-o e agora estava elevado a uma potência de infinito.
Mesmo que não queira, mesmo sem fazer nada por isso, a D. tem sobre mim um efeito arrepiante que não sei explicar, mas que me leva ao mais estimulante dos estados. Ao expoente máximo do apetite.
Quando acabamos de jantar, vê-la ao balcão, em fato de treino, somado com o que já tinha acontecido durante a refeição, soltou e inflamou todas as hormonas do meu corpo. Ou, pelo menos, a parte que controla os impulsos e os ímpetos.
Sem grandes alaridos, levantei-me e aproximei-me dela. Envolvi-a nos meus braços:
- Essa água a correr está a dar-me uma ideia – murmurei-lhe com pequenos toques dos lábios no pescoço.
- Que ideia? – Perguntou com a voz que sobrava ao ofegante movimento do corpo.
- Vamos tomar duche juntos.
- A ideia agrada-me muito, mas e a digestão?
- Se formos já não é um problema. Tu é que és a médica: devias saber estas coisas.
- Engraçadinho. Tens certeza?
- Tenho.
- Está bem. Já me convenceste. – Disse com voz sorridente.
Já na casa de banho fiquei a observar a sensualidade com que a D. se despia e a forma sugestiva que ela tinha de se dobrar e temperar a água.
Depois de entrar na banheira, a D. olhou-me com olhos brincalhões e convidativos e com um gesto dos ombros despidos perguntou-me se eu não ia. Confesso que estava paralisado com a sensualidade da sua nudez, mas lá me despi e juntei a ela.
Uma vez lá dentro, junto a ela e já com a água a cair-nos pelo corpo, as minhas mãos não paravam de explorar o brilho e a suavidade molhada da sua pele enquanto a beijava nos lábios. Êxtase. Total arrebatamento.
Com as mãos pedi-lhe que se virasse de costas para mim, que se dobrasse um pouco e que se equilibrasse com a ajuda da parede. Ela acedeu, virou-se e fez da parede uma almofada.
Por momentos, enquanto lhe puxava suavemente o cabelo e obrigava a que inclinasse a cabeça para trás, só os gemidos de ambos interrompiam o ritmado silêncio da água a cair e das nossas ancas a baterem uma na outra.
A D. interrompeu o movimento:
- Leva-me para o quarto. Leva-me para a cama.
Obedeci, peguei nela, levei-a para o quarto e deitei-a na cama: costas para baixo. Ela virou-se de imediato, deixando-me de joelhos entre as pernas dela. Eu, já consciente do desejo dela, coloquei-lhe as mãos na cintura e elevei-a ligeiramente até que ela estivesse ao meu nível.
Depois de algum tempo pediu-me que parasse:
- Espera!
- Que foi? ‘Tou a magoar-te? – Perguntei enquanto fazia o que me pedia.
- Não, não é nada disso.
- Então? Que se passa?
- Apressadinho. Já vês.
Levantou-se e pegou numa almofada que largou junto da cama. Ajoelhou-se em cima dela e dobrou-se sobre a cama. Olhou para mim, sorriu apenas com os olhos e disse:
- Assim!
Posicionei-me atrás dela e fiz o que me pediu. Agarrei-lhe as ancas para me ajudar aos movimentos e fiz amor com ela. Primeiro lentamente e depois com a velocidade dos furacões. Depois novamente muito lentamente.
Ao fim de algum tempo, pouco, esticou os braços para trás, elevou-os, virou as palmas das mãos para cima e disse-me:
- Agarra-me!
Fiz o que pediu e agarrei-lhe as mãos. Elevei-lhas um pouco: só o suficiente para a forçar a esticar os braços. Confesso que estava totalmente louco. A visão da sua pele e o reflexo de prazer da sua cara nas portas espelhadas do roupeiro, que tínhamos do outro lado da cama, estavam a dar comigo em doido.
Agarrei-lhe o cabelo e forcei-lhe a cabeça para trás. Depois daquilo, rapidamente explodimos ambos num arrepio imensamente gemido.
Deixei-me pousar sobre as costas dela e o prazer que nos percorria adormeceu-nos ali mesmo – de joelhos.