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Dezembro 05, 2012
i.
olhar para ti
é como ver o infinito todo
espelhado na superfície
do corpo
é como ter sangue de serpente
a dançar-me nas feridas da tua falta
ii.
olhar-te
sem poder levantar-me
e abraçar o teu colo
e assassinar a virgindade das cercas
é como soltar a crueldade dos copos
sobre a pele e penas da poesia
iii.
provavelmente
as estrelas brancas e negras
nunca olharão para mim
como nos sonhos
e é por isso que as batalhas
que travo com a memória
são só sombras
e noite
iv.
as noites
são como as de Dostoevski
e a alvura da neve
o caiado das casas
preenche a minha pele
como a tinta de van Gogh