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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

celebrar-nos

Junho 10, 2004

talvez se o tempo fosse apenas um mudo silêncio
eu não pudesse hoje festejar-nos com este poema
mas o nosso embrião foi uma sombra subterrânea
que se libertou pelo grito para ser o sonho teimoso
e a luz barulhenta que não deixa dormir o tempo

talvez se o fogo fosse apenas o de um fósforo curto
eu não estivesse hoje a festejar-nos com este poema
mas a semente deste navio foi um fulgor clandestino
que à hora do ocaso se revelou ser a floresta infinita
onde os incêndios do espírito se tornam incontroláveis

eu sei há ainda dez mil versos de amor por escrever
e temos ainda dez mil estrelas secretas por conquistar
mas hoje somos já como dois rios unidos pela serra
como duas pétalas da mesma margarida selvagem
que muitas vezes se perdem mas sempre se acham
somos já como dois cálices que se bebem mutuamente
como dois violinos da mesma orquestra de sentires
que muitas vezes se calam mas sempre regressam

eu sei há ainda ventos que sopram demasiado fortes
e temos ainda um exército de sombras por derrotar
mas neste primeiro ciclo que o sol sobre nós completa
aproveito o murmúrio veloz da celebração e segredo-te
sou tão totalmente teu como ao mar as ondas pertencem
sou um prolongamento em chamas da tua pele de fogo
relâmpago de pérolas que se desprende longamente da terra
para se espalhar na nudez de veludo onde te amo

celebrar-nos

Junho 10, 2004

talvez se o tempo fosse apenas um mudo silêncio
eu não pudesse hoje festejar-nos com este poema
mas o nosso embrião foi uma sombra subterrânea
que se libertou pelo grito para ser o sonho teimoso
e a luz barulhenta que não deixa dormir o tempo

talvez se o fogo fosse apenas o de um fósforo curto
eu não estivesse hoje a festejar-nos com este poema
mas a semente deste navio foi um fulgor clandestino
que à hora do ocaso se revelou ser a floresta infinita
onde os incêndios do espírito se tornam incontroláveis

eu sei há ainda dez mil versos de amor por escrever
e temos ainda dez mil estrelas secretas por conquistar
mas hoje somos já como dois rios unidos pela serra
como duas pétalas da mesma margarida selvagem
que muitas vezes se perdem mas sempre se acham
somos já como dois cálices que se bebem mutuamente
como dois violinos da mesma orquestra de sentires
que muitas vezes se calam mas sempre regressam

eu sei há ainda ventos que sopram demasiado fortes
e temos ainda um exército de sombras por derrotar
mas neste primeiro ciclo que o sol sobre nós completa
aproveito o murmúrio veloz da celebração e segredo-te
sou tão totalmente teu como ao mar as ondas pertencem
sou um prolongamento em chamas da tua pele de fogo
relâmpago de pérolas que se desprende longamente da terra
para se espalhar na nudez de veludo onde te amo

uma lenta respiração na condensação do silêncio

Junho 09, 2004

os meus dedos penetravam a terra humedecida pelo desejo,
e eu sabia ser aquela a última vez que, inundado por palavras,
poderia desenhar uma lenta respiração na condensação do silêncio.
tentei, por isso, escrever um verso nos seios do adeus prematuro,
mas as letras, que escorriam desordenadas como o sangue de um pinheiro,
e os joelhos, que eram como um animal que me apertava entre os dentes,
impediram o poema e foi a língua que lhe tatuou na carne a última lágrima.

uma lenta respiração na condensação do silêncio

Junho 09, 2004

os meus dedos penetravam a terra humedecida pelo desejo,
e eu sabia ser aquela a última vez que, inundado por palavras,
poderia desenhar uma lenta respiração na condensação do silêncio.
tentei, por isso, escrever um verso nos seios do adeus prematuro,
mas as letras, que escorriam desordenadas como o sangue de um pinheiro,
e os joelhos, que eram como um animal que me apertava entre os dentes,
impediram o poema e foi a língua que lhe tatuou na carne a última lágrima.

os músculos de um mar que já foi gente

Junho 08, 2004

de carne morta, como se um fantasma vermelho lhe existisse,
a musicalidade obscena de uma mentira virou-me o corpo do avesso.
o sangue pinta-me a pele de tortura e um espectro de chumbo,
verde e nevoento, grotesco como a nudez da morte numa gaveta,
com a força esfíngica de uma tempestade intemporal,
precipita-se sobre a certeza dos meus ombros,
esmagando-me os ossos como se de água fossem.

olho para cima, vejo apenas os músculos de um mar que já foi gente.
gostava de poder falar-lhe ao ouvido,
de lhe contar as aventuras de um pássaro que aprendeu a voar sozinho,
gostava de o abraçar e sintetizar-lhe na pele a fisionomia de uma recordação,
mas o sangue negro que o envolve escapa-se-me entre os braços e o medo,
o assobio de um ramo vestido de sombras
impede que a chama dos ventos cá dentro lhe segredem: calor.

não gosto de começar um verso com a palavra não, mas
não há como fugir ao som desafinado de um não
se entoado pelo vazio no vazio da memória. serás capaz de o entender?
a fuga das marés para a noite arrasta com ela todos os bichos,
mas o regresso das andorinhas ao alvoroço madrugador,
acorda de novo o tridente que tenho cravado nas pernas,
amarra-me ao pesadelo do silêncio e dos contos por acabar.

os músculos de um mar que já foi gente

Junho 08, 2004

de carne morta, como se um fantasma vermelho lhe existisse,
a musicalidade obscena de uma mentira virou-me o corpo do avesso.
o sangue pinta-me a pele de tortura e um espectro de chumbo,
verde e nevoento, grotesco como a nudez da morte numa gaveta,
com a força esfíngica de uma tempestade intemporal,
precipita-se sobre a certeza dos meus ombros,
esmagando-me os ossos como se de água fossem.

olho para cima, vejo apenas os músculos de um mar que já foi gente.
gostava de poder falar-lhe ao ouvido,
de lhe contar as aventuras de um pássaro que aprendeu a voar sozinho,
gostava de o abraçar e sintetizar-lhe na pele a fisionomia de uma recordação,
mas o sangue negro que o envolve escapa-se-me entre os braços e o medo,
o assobio de um ramo vestido de sombras
impede que a chama dos ventos cá dentro lhe segredem: calor.

não gosto de começar um verso com a palavra não, mas
não há como fugir ao som desafinado de um não
se entoado pelo vazio no vazio da memória. serás capaz de o entender?
a fuga das marés para a noite arrasta com ela todos os bichos,
mas o regresso das andorinhas ao alvoroço madrugador,
acorda de novo o tridente que tenho cravado nas pernas,
amarra-me ao pesadelo do silêncio e dos contos por acabar.

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