Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.
despe-me da chuva, façamos juntos a viagem ao centro da terra, esquece o sol e as estrelas-do-mar, vem:
segreda-me a babilónia toda ao ouvido, como se uma língua elegante te dançasse, segreda-me as asas frágeis de um anjo e ouve as minhas mãos crescerem-te nos seios.
cala todo este silêncio, cantemos juntos a ópera do vento nas oliveiras, desfralda as magnólias na tua boca, vem:
dá-me a crina de uma nuvem com os lábios, como se uma chama te elevasse ao céu, dá-me o som de um rio com os olhos e um gemido de açúcar com a tua pele.
despe-me da chuva, façamos juntos a viagem ao centro da terra, esquece o sol e as estrelas-do-mar, vem:
segreda-me a babilónia toda ao ouvido, como se uma língua elegante te dançasse, segreda-me as asas frágeis de um anjo e ouve as minhas mãos crescerem-te nos seios.
cala todo este silêncio, cantemos juntos a ópera do vento nas oliveiras, desfralda as magnólias na tua boca, vem:
dá-me a crina de uma nuvem com os lábios, como se uma chama te elevasse ao céu, dá-me o som de um rio com os olhos e um gemido de açúcar com a tua pele.
A m o r t e d a p o e s i aUma explosão nuclear na cidade dos sonhosincendiou até as metáforas mais distantes.A devastação é enorme, cruel, vermelhae, de pé, restam apenas algumas sílabas.Há poemas novos completamente destruídos,ficções em ruínas a desabar em confidências,pensamentos submersos em lamas lilasese frases em sangue rasgadas pelas reticências.Embora longe deste negro cenário terminal,o mar chora a morte prematura da poesiae as suas lágrimas brilhantes são fotõesque tentam desesperados penetrar a treva.Mas onde houver um rio e um homem vivo,onde houver mulheres e corpos de cristal,onde houver desejo e beijos de jasmim,há também uma fonte de palavras prontas.Sempre que morre um poeta, nasce uma flore das suas pétalas nascem as cores e o orvalho,e à sua volta nascem as mãos e os sorrisos,e da alva simbiose, nascerá de novo a poesia.* 14/04/2004
A m o r t e d a p o e s i aUma explosão nuclear na cidade dos sonhosincendiou até as metáforas mais distantes.A devastação é enorme, cruel, vermelhae, de pé, restam apenas algumas sílabas.Há poemas novos completamente destruídos,ficções em ruínas a desabar em confidências,pensamentos submersos em lamas lilasese frases em sangue rasgadas pelas reticências.Embora longe deste negro cenário terminal,o mar chora a morte prematura da poesiae as suas lágrimas brilhantes são fotõesque tentam desesperados penetrar a treva.Mas onde houver um rio e um homem vivo,onde houver mulheres e corpos de cristal,onde houver desejo e beijos de jasmim,há também uma fonte de palavras prontas.Sempre que morre um poeta, nasce uma flore das suas pétalas nascem as cores e o orvalho,e à sua volta nascem as mãos e os sorrisos,e da alva simbiose, nascerá de novo a poesia.* 14/04/2004
um dia escrevi o meu nome num guardanapo de vidro e coloquei-o sobre a mesa. caminhei com as serras ao lado da noite até ao meu ventre. prometi às árvores e às pedras o meu nome escrito num guardanapo de vidro. um dia caminhei com as árvores e a noite pelas serras até ao meu nome. um dia prometi às árvores e às pedras o meu ventre. um dia, o meu nome sobre a mesa e um guardanapo de vidro no meu ventre. um dia o meu ventre e as serras caminharam sobre o meu nome. as noites sempre foram o meu nome, o meu ventre sempre foi a minha serra de vidro, as árvores e as pedras sempre foram a promessa de uma serra no meu caminho. o meu ventre e as serras e a noite e o meu nome. e o vidro. e o vidro. e as árvores e as pedras. e um guardanapo de pedras sobre a noite no meu ventre. e eu. e eu. e eu?
um dia escrevi o meu nome num guardanapo de vidro e coloquei-o sobre a mesa. caminhei com as serras ao lado da noite até ao meu ventre. prometi às árvores e às pedras o meu nome escrito num guardanapo de vidro. um dia caminhei com as árvores e a noite pelas serras até ao meu nome. um dia prometi às árvores e às pedras o meu ventre. um dia, o meu nome sobre a mesa e um guardanapo de vidro no meu ventre. um dia o meu ventre e as serras caminharam sobre o meu nome. as noites sempre foram o meu nome, o meu ventre sempre foi a minha serra de vidro, as árvores e as pedras sempre foram a promessa de uma serra no meu caminho. o meu ventre e as serras e a noite e o meu nome. e o vidro. e o vidro. e as árvores e as pedras. e um guardanapo de pedras sobre a noite no meu ventre. e eu. e eu. e eu?
no último fôlego da insónia depois do tumulto das línguas e dos tentáculos de fogo a geometria minuciosa do silêncio é a moldura perfeita da boca solar e do corpo devorado pela nudez vagarosa onde repousa o aluvião do desejo
nunca os dias foram apenas amendoeiras em flor, mas também não se limitavam a relâmpagos silenciosos, foram sempre uma liga de metais nobres e úlceras camufladas.
depois há a fusão do tempo com o presente e as tempestades, há o que vai sendo esquecido e a erosão das lágrimas os vidros envelhecem e a nitidez perde-se por labirintos de facas.
penso-me.
talvez sejam as ínfimas sobras desses ventos de memórias mal semeadas, a indesejada tinta vermelha nas folhas dos cadernos onde aprendo a ler.
nunca os dias foram apenas amendoeiras em flor, mas também não se limitavam a relâmpagos silenciosos, foram sempre uma liga de metais nobres e úlceras camufladas.
depois há a fusão do tempo com o presente e as tempestades, há o que vai sendo esquecido e a erosão das lágrimas os vidros envelhecem e a nitidez perde-se por labirintos de facas.
penso-me.
talvez sejam as ínfimas sobras desses ventos de memórias mal semeadas, a indesejada tinta vermelha nas folhas dos cadernos onde aprendo a ler.