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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

vem

Outubro 31, 2004

despe-me da chuva,
façamos juntos a viagem ao centro da terra,
esquece o sol e as estrelas-do-mar,
vem:

segreda-me a babilónia toda ao ouvido,
como se uma língua elegante te dançasse,
segreda-me as asas frágeis de um anjo
e ouve as minhas mãos crescerem-te nos seios.

cala todo este silêncio,
cantemos juntos a ópera do vento nas oliveiras,
desfralda as magnólias na tua boca,
vem:

dá-me a crina de uma nuvem com os lábios,
como se uma chama te elevasse ao céu,
dá-me o som de um rio com os olhos
e um gemido de açúcar com a tua pele.

vem.

vem

Outubro 31, 2004

despe-me da chuva,
façamos juntos a viagem ao centro da terra,
esquece o sol e as estrelas-do-mar,
vem:

segreda-me a babilónia toda ao ouvido,
como se uma língua elegante te dançasse,
segreda-me as asas frágeis de um anjo
e ouve as minhas mãos crescerem-te nos seios.

cala todo este silêncio,
cantemos juntos a ópera do vento nas oliveiras,
desfralda as magnólias na tua boca,
vem:

dá-me a crina de uma nuvem com os lábios,
como se uma chama te elevasse ao céu,
dá-me o som de um rio com os olhos
e um gemido de açúcar com a tua pele.

vem.

segredos *

Outubro 30, 2004

A   m o r t e   d a   p o e s i aUma explosão nuclear na cidade dos sonhosincendiou até as metáforas mais distantes.A devastação é enorme, cruel, vermelhae, de pé, restam apenas algumas sílabas.Há poemas novos completamente destruídos,ficções em ruínas a desabar em confidências,pensamentos submersos em lamas lilasese frases em sangue rasgadas pelas reticências.Embora longe deste negro cenário terminal,o mar chora a morte prematura da poesiae as suas lágrimas brilhantes são fotõesque tentam desesperados penetrar a treva.Mas onde houver um rio e um homem vivo,onde houver mulheres e corpos de cristal,onde houver desejo e beijos de jasmim,há também uma fonte de palavras prontas.Sempre que morre um poeta, nasce uma flore das suas pétalas nascem as cores e o orvalho,e à sua volta nascem as mãos e os sorrisos,e da alva simbiose, nascerá de novo a poesia.* 14/04/2004

segredos *

Outubro 30, 2004

A   m o r t e   d a   p o e s i aUma explosão nuclear na cidade dos sonhosincendiou até as metáforas mais distantes.A devastação é enorme, cruel, vermelhae, de pé, restam apenas algumas sílabas.Há poemas novos completamente destruídos,ficções em ruínas a desabar em confidências,pensamentos submersos em lamas lilasese frases em sangue rasgadas pelas reticências.Embora longe deste negro cenário terminal,o mar chora a morte prematura da poesiae as suas lágrimas brilhantes são fotõesque tentam desesperados penetrar a treva.Mas onde houver um rio e um homem vivo,onde houver mulheres e corpos de cristal,onde houver desejo e beijos de jasmim,há também uma fonte de palavras prontas.Sempre que morre um poeta, nasce uma flore das suas pétalas nascem as cores e o orvalho,e à sua volta nascem as mãos e os sorrisos,e da alva simbiose, nascerá de novo a poesia.* 14/04/2004

?

Outubro 30, 2004

um dia escrevi o meu nome num guardanapo de vidro e coloquei-o sobre a mesa. caminhei com as serras ao lado da noite até ao meu ventre. prometi às árvores e às pedras o meu nome escrito num guardanapo de vidro. um dia caminhei com as árvores e a noite pelas serras até ao meu nome. um dia prometi às árvores e às pedras o meu ventre. um dia, o meu nome sobre a mesa e um guardanapo de vidro no meu ventre. um dia o meu ventre e as serras caminharam sobre o meu nome. as noites sempre foram o meu nome, o meu ventre sempre foi a minha serra de vidro, as árvores e as pedras sempre foram a promessa de uma serra no meu caminho. o meu ventre e as serras e a noite e o meu nome. e o vidro. e o vidro. e as árvores e as pedras. e um guardanapo de pedras sobre a noite no meu ventre. e eu. e eu. e eu?

?

Outubro 30, 2004

um dia escrevi o meu nome num guardanapo de vidro e coloquei-o sobre a mesa. caminhei com as serras ao lado da noite até ao meu ventre. prometi às árvores e às pedras o meu nome escrito num guardanapo de vidro. um dia caminhei com as árvores e a noite pelas serras até ao meu nome. um dia prometi às árvores e às pedras o meu ventre. um dia, o meu nome sobre a mesa e um guardanapo de vidro no meu ventre. um dia o meu ventre e as serras caminharam sobre o meu nome. as noites sempre foram o meu nome, o meu ventre sempre foi a minha serra de vidro, as árvores e as pedras sempre foram a promessa de uma serra no meu caminho. o meu ventre e as serras e a noite e o meu nome. e o vidro. e o vidro. e as árvores e as pedras. e um guardanapo de pedras sobre a noite no meu ventre. e eu. e eu. e eu?

a geometria minuciosa do silêncio

Outubro 24, 2004

no último fôlego da insónia
depois do tumulto das línguas
e dos tentáculos de fogo
a geometria minuciosa do silêncio
é a moldura perfeita da boca solar
e do corpo devorado pela nudez vagarosa
onde repousa o aluvião do desejo

segredos *

Outubro 23, 2004

nunca os dias foram apenas amendoeiras em flor,
mas também não se limitavam a relâmpagos silenciosos,
foram sempre uma liga de metais nobres e úlceras camufladas.

depois há a fusão do tempo com o presente e as tempestades,
há o que vai sendo esquecido e a erosão das lágrimas –
os vidros envelhecem e a nitidez perde-se por labirintos de facas.


penso-me.


talvez sejam as ínfimas sobras desses ventos de memórias mal semeadas,
a indesejada tinta vermelha nas folhas dos cadernos onde aprendo a ler.


* 11/04/2004

segredos *

Outubro 23, 2004

nunca os dias foram apenas amendoeiras em flor,
mas também não se limitavam a relâmpagos silenciosos,
foram sempre uma liga de metais nobres e úlceras camufladas.

depois há a fusão do tempo com o presente e as tempestades,
há o que vai sendo esquecido e a erosão das lágrimas –
os vidros envelhecem e a nitidez perde-se por labirintos de facas.


penso-me.


talvez sejam as ínfimas sobras desses ventos de memórias mal semeadas,
a indesejada tinta vermelha nas folhas dos cadernos onde aprendo a ler.


* 11/04/2004

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