...
Janeiro 17, 2010
recordar-te
Quando a presença já não existir, o Amor perdurará durante muito tempo. E quando também ele decidir que está na hora de partir, ficará a recordação. Parte de mim estará perdida quando a presença partir, outra parte partirá acompanhando o amor. Jamais estarei completo e só a recordação aliviará a falta. E a recordação será eterna. Para além da vida, para além da existência.
ainda me pergunto
Durante vários meses, permaneci sentado, na mais perigosa de todas as escarpas, que escalei na aventura da vida. Um dia, levantei-me e dei o passo que faltava. Nesse momento, caí por encostas rochosas e perdi a noção do tempo e do espaço. Caí e arrastei comigo todos os castelos arduamente construídos ao longo de vários anos. Bocados de vida rolaram pelas encostas, enquanto os castelos se perdiam e desfaziam por entre as rochas e árvores onde, como um barco à deriva em dia de tempestade, o meu corpo embatia violentamente, na esperança de deixar estilhaçado numa daquelas rochas, todo sofrimento que me empurrou no último passo. Hoje apenas uma pequena parte desse sofrimento, continua a usar o meu corpo como lar. Hoje apenas uma dúvida permanece. Porque tive de trepar a escarpa até ao seu ponto mais alto para voltar a cair? Porque tive de ir até ao fim para recomeçar? Porque não desci a escarpa quando ainda estava a meio?