...
Outubro 29, 2012
o som mudo
das igrejas
abate-se no
corpo dos pobres
como pão em café
o infinito
é muito cruel
e quando atravessa campanários
deixa sempre os sinos silentes
abre
fendas
no bronze
sulcos
nas paredes
rasgos
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Outubro 29, 2012
o som mudo
das igrejas
abate-se no
corpo dos pobres
como pão em café
o infinito
é muito cruel
e quando atravessa campanários
deixa sempre os sinos silentes
abre
fendas
no bronze
sulcos
nas paredes
rasgos
Outubro 26, 2012
a infância das flores sorri para a relva
o infinito chora compulsivamente nas suas mãos
e o mar espraia em silêncio nos braços de uma quadra
Outubro 22, 2012
Meu amor,
estou sentado no topo de uma duna. Daqui de cima, mesmo sentado, consigo observar toda a lentidão das areias.
Outubro 18, 2012
deixei algumas palmeiras em branco
numa muito doce praia deserta
para que as ondas as enchesse de versos,
mas foi a rouquidão da espuma,
a sua inveja e colarinho branco
a pintar rimas molhadas e a explodir.
Outubro 16, 2012
os moínhos de silêncio
agitam as sombras cinzentas
nos mistérios noturnos
das estrelas e das vozes
e todo esse ruído
faz parte da conversa
surrealista
entre as folhas e o manifesto
do vermelho sanguinário
que habita as esferas
e o crescer da selva
e dos moínhos.
Outubro 14, 2012
a minha voz
é como uma ave transparente
que voa ao contrário
até ao infinito
Outubro 12, 2012
Querida,
cá estou novamente. Escrevo-te na sombra da minha imobilidade. Faço-o, como se o infinito fosse a única ferida no meu corpo. Mas não é. Também a lentidão das dunas feriu o meu peito. Demasiado tempo a pensar nas areias, demasiado tempo na penumbra de ser.
Outubro 11, 2012
Querida amiga,
chegou a hora de te livrares desses sapatos velhos e de caminhares descalça na floresta do seu coração. Despe-te e diz-lhe o quanto o amas. Enquanto podes fá-lo. Eu já não posso. Acabámos tudo antes de eu vir. Foi maravilhoso saber-te. Vou já enviar-te isto e depois continuo.
Carlos
Outubro 09, 2012
Outubro 07, 2012
o umbigo do Mia Couto
pode acontecer em qualquer infinito,
mas sempre na sombra
e deixa sempre memórias