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Maio 29, 2013
há algumas palavras que não se dobram quando passam os gritos
perdem os espinhos quando são escritas pelas mãos incompetentes dos sólidos
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Maio 29, 2013
há algumas palavras que não se dobram quando passam os gritos
perdem os espinhos quando são escritas pelas mãos incompetentes dos sólidos
Maio 25, 2013
no tempo
das tempestades
o infinito repetia-se
nas asas dos pássaros
de fogo e vidro.
os trovões,
azuis e brancos,
explodiam de medo
em areias mornas
Maio 25, 2013
saber-te aí
é escrever
com as teclas todas trocadas
e não ter medo de errar
Maio 21, 2013
escuta:
a caligafia dos corpos
é muito minuciosa
anda sempre aperaltada
e repete-se com audácia
nas luzes mais brancas
e no regressar das ruas
Maio 21, 2013
nasardo
(francês nasard)
s. m.
s. m.
[Música] [Música] Registo.Registro de órgão cujo som dá ideia.idéia. de quem fala nasalmente.
o som nasardo
do vento nos sobreiros
arrepia até a imensidão
o tumulto dos corpos
enruga os amantes
em estrelas de várias cores
a geografia da pele
junta os gemidos
em suave sinfonia
e os movimentos mareados do amor
em encantamento
e músicas de saudade
Maio 21, 2013
SIDÉRICO - Sideral. Que provém dos astros. Relativo ao ferro.
a sidérica união dos corpos
avança sobre as cores
como água
desgasta os trapos
e caminha sobre brasas
como se fosse um pássaro de vidro
ou uma espiral de lágrimas
no progresso colorido
das ondas
o gemido audaz do mar
atravessa as sombras
no silêncio dos corvos
a confederação da pele
refresca as dunas
enquanto o sentir
sufoca os gritos de água
na escuridão das grutas
Maio 21, 2013
DIRUPÇÃO - Ruína, rompimento. Acto ou efeito de derruir ou de romper.
sempre que a dirupção do discurso
alivia os lábios
e o beijo é simples
e longo e molhado e finlandês
ou de outro norte qualquer
os corpos dos amantes
envolvem-se
numa luta sem tréguas
contra o não
e nenhum vence
ou pelo menos
os ruídos e o contorcer
da nudez e dos corpos assim gritam
no silêncio
das árvores
e das areias
Maio 21, 2013
SOFISMA - Argumento capcioso com que se pretende enganar ou fazer calar o adversário. [Popular] Engano; logro.
toda a poesia
nas mãos hábeis de um artesão
é um imenso sofisma
engana os mais incautos
com letras doces
e mortifica-os
à traição
com sombras e silêncio
quando bem escrita
até a morte é bonita
pode rodear-se um cadáver de fadas
e ficar bem
nos dedos de um mentiroso
as aves voam do avesso
os peixes nadam de costas
e ninguém estranha
Maio 21, 2013
VIEIRO - Veio, filão de minério, nas minas. Linha por onde uma pedra abre quando é percutida. [Antigo] Imposto que se pagava à coroa.
tenho um vieiro de sangue
entre os dedos
e uma mina de medo
nas mãos
o mar que me fervilha nas veias
quebra as pedras
que me polvilha o corpo
em vieiros profundos
é num vieiro
que o mar me fez no peito
que coloco a dinamite
para explodir o corpo
na confusão do sangue
a realidade mistura-se com o sonho
no caos das viagens
e na babel dos corpos
Maio 21, 2013
GARATUJA - Escrito ou desenho malfeito. = GATAFUNHO, RABISCO; Careta, momice.
os poemas
e as suas pernas
são apenas garatujas
feitos com palavras
em papel de embrulho
rascunhos de sangue
na carne de peixes
em cujo mar nada
esboços negros
nas mãos suadas
da quietude
borrões de lágrimas
no silêncio nervoso
dos carros
mais leves