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Agosto 29, 2014
Há palavras que, mesmo no singular, significam sempre muito.
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Agosto 29, 2014
Há palavras que, mesmo no singular, significam sempre muito.
Agosto 29, 2014
Não concordo com os que defendem que ver televisão emburrece. O que emburrece é vê-la sozinho em criança e erradamente (por exemplo, não usando cérebros diferentes para ver coisas diferentes) em adulto.
Agosto 28, 2014
Pouco importam as condições meteorológicas. Se o céu está azul ou não, se está sol ou não, se chove ou não. Somos nós que fazemos os dias bons ou maus.
Agosto 26, 2014
De novo as palavras.
Em alguns casos são tudo o que tenho. É por isso que não as uso em vão.
Agosto 26, 2014
Como já referi (e acredito mesmo nisso: não estou a tentar convencer-me) todas as coisas têm um lado bom. O AVC, por exemplo, para além de não me matar e ter tido a bondade de não atingir algumas capacidades, levou algumas pessoas e trouxe outras.
Agosto 25, 2014
É certo que não somos só palavras. No entanto, casos há em que estas são completamente fundamentais. Por exemplo, no meu caso: sem querer ir para a cadeira de rodas, se não ler como é que saio de casa? No meu caso, as palavras são, mais que uma viagem, uma terapia (mais uma). Uso-as. Coloco-as. Abuso delas e, até, as engulo. Se já tinham um papel indispensável na minha vida, depois da sulipampa (AVC para os mais distraídos) tornaram-se totalmente basilares. Neste momento, só o amor (no sentido mais lato do termo) é mais importante.
Como devem imaginar, a perturbação dos músculos veda algumas coisas, mas não atinge o sangue e as hormonas – o que leva a alguns conflitos comigo mesmo (nada que não se resolva, mas não são muito saudáveis). Tento resolvê-los com a escrita e com a leitura. E muitas vezes resulta, mas é certo que não somos só palavras.
Agosto 24, 2014
Quando eu morrer não quero ninguém triste. Costuma dizer-se que só a morte não tem remédio. Não concordo totalmente. Para quem fica e ama os que partem, mais que ter remédio, a morte pode, muitas vezes, ser um remédio, mas mais que remediar os que ficam têm obrigação de ser felizes. Eu sei que é mais fácil falar que praticar e que a ausência física magoa muito, mas pensem: quem vos ama e parte, onde quer que esteja, quererá ver-vos tristes? Duvido.
Outro motivo para não querer ninguém triste é porque a minha ausência física não o justifica. Sejamos práticos: fisicamente só dou trabalho, emocionalmente estarei aqui.
Quando eu morrer não quero ninguém triste.
Agosto 24, 2014
Hoje, 24 de Agosto de 2014, celebro oito anos de AVC. Oito anos de imobilidade. Oito.
Obviamente que sinto falta de algumas coisas, mas há que ver o lado bom das coisas: tive mais sorte que muitos: não morri nem perdi a capacidade de amar. Há SEMPRE um lado bom.
Agosto 23, 2014
Há dias vi no facebook (através da Sylvya Agarus) uma imagem que, livremente traduzida, dizia que só precisamos de uma pessoa na nossa vida para a mudar por completo: nós. Já não me lembro do autor. Esta frase fez-me lembrar uma outra, acho que do atual Dalai Lama, que diz para sermos nós a mudança que queremos ver no mundo. Independentemente dos autores, o sentido de ambas é bem verdadeiro: todas as grandes mudanças devem começar dentro de nós (as grandes – não é mudar de secretária no trabalho: essa pode começar pelo nosso chefe). Quando há algo a mudar, seja no mundo seja em nós, não podemos esperar que sejam os outros a fazê-la. Primeiro porque ninguém a faz por nós e em segundo porque ninguém a faz por nós. E enganam-se se acham que nada podem fazer, por exemplo, no conflito que opõe judeus a muçulmanos. Se ensinarem uma criança judaica a amar uma criança muçulmana já terão mudado algo. Parece-vos impossível? A indiferença é que, de certeza, não muda nada.
Agosto 22, 2014
Apesar do AVC e da paralisia, sou um privilegiado. Mantenho a que, para mim, é uma das capacidades mais importantes que temos: sermos nós próprios. A inteligência dá-nos a capacidade de nos adaptarmos, mas a capacidade de não o fazer, tentando não magoar quem quer que seja, é mais rara, complicada de obter e não se consegue com inteligência. Essa capacidade é, demasiadas vezes, incompreendida. Não alinhar com a maioria só porque sim, pensar e ter a nossa, bem fundamentada, opinião é muitas vezes confundido com arrogância. Manter-se fiel, com qualidade de argumentos e não apenas por teimosia, é complicado: toda a gente gosta de aceitação e isso implica, muitas vezes, mudar de opinião. Mantê-la e fundamentá-la com qualidade não é teimosia: é arte.
Não estou com isto a dizer que nunca devemos mudar de opinião – lembrem-se que mudar é sinal de inteligência, mas não a mudar só para, como dizem os americanos, go with the flow, é algo que devemos perseguir.
Eu, felizmente, tenho o privilégio de pensar por mim e, mesmo que doa a alguém, ter a minha própria opinião. Pena é que esse alguém seja, muitas vezes, eu.
Não alinhem em carneiradas e pensem. Um erro bem fundamentado é mais valioso que estar certo sem saber porquê.