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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

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Dezembro 20, 2018

uns dias depois de todo o azul que vivemos na tenda, combinámos eu ir-te buscar a casa depois de jantar. nesse dia, o princípio da noite fez-se de calor, mas com a escuridão veio a habitual cacimba gelada. ainda hoje não sei se é a proximidade ao mar ou ao pinhal – assisti, várias vezes, ao nevoeiro a nascer no pinhal, vir de lá sorrateiro e rasteiro, com a mesma densidade do fumo de um incêndio e, em pouco tempo, cobrir por completo toda a povoação.

eu, como costume, tinha ido jantar umas cervejas. com o excesso de álcool, confesso, só a negrura me lembrou da nossa combinação. olhei para o relógio e era a hora exata de já estar a bater na tua porta. saí de imediato. os poços de areia movediça, encontrados logo na saída, atrasaram-me ainda mais. não foi nada fácil arquitetar um plano para os transpor e mais difícil ainda foi encontrar material para o executar. mesas e cadeiras foram a solução.

para ir a tua casa, tinha de atravessar o centro da aldeia. o acesso a ele estava guardado por um morcego gigantesco, de pelo branco e olhos vermelhos. demorei algum tempo para o iludir e, depois de algumas tentativas frustradas, só recorrendo à magia da espada fui capaz de o ultrapassar.

no centro foram múltiplos os felinos, répteis e aracnídeos gigantes com que me deparei. a todos tive que enfrentar e derrotar para chegar até ti.

assim que entrei na tua rua, reparei que tinha crescido e que estava imensa. eu sabia ir demorar uma eternidade para chegar a tua casa. isso não me demoveu de, enquanto a percorria, saltar o muro de alguns jardins e compor um imaginativo ramo de flores e outros verdes. claro, àquela hora todas as flores estavam fechadas, mas não fazia mal, eu sabia que gostavas.

quando bati à tua porta passavam três horas do combinado. abriste. viste que era eu e fechaste. nem uma palavra trocámos. a ação, o álcool e o sufoco subiram-me à cabeça e desceram-me ao estômago muito rapidamente. atravessei a estrada, acocorei-me e vomitei.

 tinha a sensação de já estar a vomitar as entranhas quando te ouvi atrás de mim:

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Dezembro 18, 2018

iniciei, então, uma peregrinação pelo teu corpo sem nunca descolar a língua da alvura que vestias. desenhei-te, com ela, uma morna estrada de saliva entre o peito e o umbigo. por lá me detive por momentos. lambia-o. penetrava-o. imitava com a língua o movimento dos meus dedos na tua vagina.

(ufff)

continuei a viagem até encontrar com a boca o húmido e azul calor que tanto ansiava. tinha uma mão dentro dos teus calções e com a outra desci-os até aos teus joelhos.

a tenda era em pano opaco e de um dos lados tinha um buraco, onde não cabiam mais que três dedos, mas por onde o Sol

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Dezembro 16, 2018

tal como fizera de madrugada, impelido pelo azul, voltei a serpentear sobre o teu corpo. tinhas-me, quase literalmente, arrancado a t-shirt. a nudez do nosso tronco tocava-se e as tuas mãos eram como espadas sedentas. mas lentas.

a minha boca bebia a tua respiração tropical. o teu corpo misturava luz e fogo. eu larguei os teus lábios e, com os meus, descobri-te a textura dos mamilos. apertei-te uma mama e dirigi-lhe o mamilo ereto para a minha boca faminta. fechei suavemente os lábios e chupei-o com ardor. fiz o mesmo com a outra mama e, ao mesmo tempo, usei os dedos para te penetrar.

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Dezembro 09, 2018

de tarde, nesse mesmo dia, depois de dormir o pouco que, dentro de uma tenda, o calor permitia, fui almoçar umas imperiais – que tempos – numa esplanada da rua dos bares. Se não estou em erro no Alfredo ou na Albertina. pode também ter sido no café dos pais da Dora ou no Kopus. lá me encontraste. sentaste-te, falámos um pouco e, já não sei como nem porquê, fomos – nós e todos os que estavam comigo – ao parque de campismo. em princípio não poderias entrar, mas como era a Josi que estava na portaria não houve qualquer problema. se calhar estás a pensar que não foi nada assim. não importa. em alternativa foste lá ter comigo. o importante era que lá estavas e, a certa altura, sem usarmos nenhuma desculpa parva, decidimos em silêncio que era dentro de uma tenda que deveríamos estar. escolhemos, novamente em silêncio, a tenda do Emanuel que, das nossas quatro, era a única para três pessoas, apesar de ser a única onde só dormiam duas pessoas.

não estou totalmente certo, mas acho que vestias uns calções de algodão cor de laranja e uma t-shirt, de alças, cuja cor não recordo. entrámos na tenda de mãos dadas. como sempre fazíamos: de dedos entrelaçados, como notas da mesma pauta e apertando entre eles a pressa de estarmos sozinhos. eras orquídea azul, a crescer-me. semeada no meu sangue.

sentámo-nos. frente a frente. apenas cerca de dez centímetros nos separavam. estávamos na posição de Buda, mas com as mãos abertas e suavemente colocadas sobre os joelhos. olhávamos, com um ténue sorriso, um para o outro e no exato ponto em que os nossos olhares se cruzavam havia um remoinho suspenso. no seu íntimo, giravam flores azuis e pequenos pontos de luz fulgurante. agarraste-me na mão direita, levantaste-a e com toda a ternura levaste-a e colocaste-a sobre o peito. ainda hoje não sei se o gesto foi literal ou metafórico. certo é que o teu coração batia acelerado. descompassado. certo é o meu mindinho te ter tocado e de isso provocar um gemido, um fechar de olhos e uma contenda furiosa de trocas.

cruzaste os braços e agarraste na t-shirt pela bainha. tiraste-a pela cabeça. devagar. ventre. peito. ombros. despiste a t-shirt e vestiste o fulgor. sorríamos. no meu corpo a febre e o tremor. no teu as minhas mãos.

já não me lembro para que lado, mas deitámo-nos. tu de costas. eu de lado, encostado ao teu tronco despido. as nossas línguas estavam entregues à tarefa de dar. a minha mão começou nos teus joelhos  uma viagem ao mundo do deleite, passando os dedos levemente pelo interior das tuas coxas.

quero pedir-te desculpa por demorar tanto tempo a escrever-te: memória sem mãos é um bicho violento. não raras vezes, enquanto escrevo, sinto-lhe a humidade devorar-me o rosto e tenho que parar.

nem a maciez rígida das tuas pernas, nem o fresco e azul calor que delas provinha, me prepararam para o misterioso trovão nas minhas costas, provocado pelo nervo da tua virilha a contrair-se na minha mão. depois, desviei a ternura e deixei que os meus dedos te bebessem. arqueaste o corpo. rodeava-nos um azul e frágil silêncio. nesse momento, enquanto bebia na fonte de rosas, estava a beijar-te e senti que engoliste um gemido.

na nossa pele haviam ondas.

ondas de fogo e sangue, vertiginosas.

as tuas ancas doces

intimidavam o tempo com o desejo e deslizavam-me nas mãos.  rodei e deixei-me tombar sobre o teu corpo. as tuas mãos exploravam e pressionavam as minhas costas.

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Dezembro 03, 2018

eu continuava deitado sobre o teu corpo. estávamos totalmente vestidos, mas as minhas mãos permaneciam à procura e o meu corpo dançava, dobrava-se e esticava-se como se estivesse a fazer amor com o teu. um violento arrepio percorreu-me da cabeça aos pés. de súbito, de dentro da casa, uma luz projetou-se em nós. ainda marcado pela intensidade, agarrei-te pela mão, levantámo-nos e fugimos dali. a rir e numa corrida trapalhona. dedos cruzados – como raízes. como grinalda dos teus suspiros ou polpa do meu desejo.

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