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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

Ali, no primeiro andar, mora uma mulher...

Janeiro 06, 2021

Ali, no primeiro andar, mora uma mulher amordaçada, uma feiticeira que o tempo se encarregou de transformar em resíduos de sangue e musgo esverdeado. Passa os dias a observar as peras e nêsperas de árvores de jardim que nunca dão fruto. No prédio ao lado, mas no terceiro andar, mora outra mulher igual que nunca vem à janela. No mesmo prédio, na única varanda sem marquise, um vitral de roupas coloridas flutua tranquilamente. São roupas do casal mais jovem do prédio, acho que trabalham os dois e não têm filhos, raramente os vejo, não sei sequer a que horas penduram o tempo que lhes resta no velho estendal. No prédio onde vai morrendo a velha feiticeira, o segundo, o quarto e o quinto andar, não têm roupa estendida e estão para venda. O terceiro andar está alugado a estudantes, raramente são vistos, mas ouvem-se todos os dias, são três e, por culpa deles, já foi necessário desentupir os esgotos do prédio. Ainda bem, porque descobriram o canário da velha feiticeira. No quarto andar do prédio do jovem casal, mora a serpente selvagem do bairro. No arame, roupa preta, lingerie preta e uns chinelos de pano, pretos. Uma pantera noturna com cabelos de seda e corpo de gestos e ritmos fulgurantes. No segundo andar moro eu. No primeiro mora a única família completa dos dois prédios. Gosto de os observar quando brincam os quatro com o labrador, o mesmo que alguém já tentou envenenar. Neste bloco existem mais oito prédios, mas, não conheço ninguém, como tenho garagem raramente me cruzo com quem quer que seja. Moramos todos muito longe de tudo, moramos todos muito longe de todos. Mas temos um jardim, que ninguém usa, com árvores de fruto que nunca dão fruto.

Porno Lx

Janeiro 05, 2021

Lisboa. Cada vez mais Lisboa em mim. Quando penso que Lisboa morreu finalmente, acontece Lisboa. Sem ser novidade, saí do trabalho já tarde. Já bem depois da hora em que todos jantaram. Como todos os dias, apanhei o metro. Nada de novo, atravessar a cidade sem que ela me sinta. Sentei-me, abri o meu livro e desapareci. Não me lembro de ter sentido o comboio partir, não me lembro de o sentir parar. Apesar dos lugares vagos, sinto que alguém se senta ao meu lado. É uma mulher, penso. Levanto ligeiramente o olhar, apenas por simpatia. É uma mulher. Endireito ligeiramente o corpo, também por simpatia. Por instinto, como sempre que alguém publicamente nos toca distraidamente, endireitei o corpo na cadeira. Tentei voltar ao livro, mas o livro fugiu-me enquanto tentava descobrir se havia mais lugares vagos à nossa volta. Havia. Os dois lugares à nossa frente estão vagos, porquê obrigar-me ao estúpido endireitar de corpo. Inclino-me sobre o livro e abro em amplitude o olhar. As letras já nada dizem. É uma mulher, tem o cabelo liso e muito negro, muito comprido também. Está vestida de preto. Ganho coragem e olho para o lado. Está muito direita, tem um livro aberto sobre as pernas. Está toda de preto. Não consigo ver-lhe a cara. Tenho de desviar o olhar, já sentiu que a olho. Não sem antes me deslumbrar uns segundos com um maravilhoso par de mamas. Não são muito grandes, mas estão firmemente apontadas para fora de um corpo que me pareceu magro. Volto a fingir o livro.

Sinto que me olha. Vou olhá-la para que me saiba sabendo-a. Mas não olho. Por entre as páginas inventadas, olho antes as suas pernas. São longas, são fortes. Não gordas, fortes. Está de saia, se estivesse de pé, talvez a tapasse até aos joelhos. Assim, sentada, está um pouco acima. Sinto que mexe os braços, talvez as mãos. Tento olhá-la, mas algo me prende às suas pernas. As meias. As meias pretas, com um pequeníssimo buraco onde me fixo. Consigo ver a sua pele. É branca, muito branca. Imagino-me a colocar o dedo no pequeníssimo buraco nas suas meias. Imagino-me a rasgar-lhe as meias deixando a descoberto toda a alvura das suas pernas. Das suas pernas fortes, não gordas, mas fortes. Estou excitado. Estou no metro, a passar pela cidade sem que ela me sinta, tenho uma mulher sentada ao meu lado e, sem ter mais ninguém por perto, estou excitado. Tenho que voltar ao meu livro, tenho que descobrir onde o perdi. Vou olhá-la uma última vez. Sinto que me olha, vou olhá-la uma última vez e, com os olhos, talvez com um ligeiro sorriso, peço-lhe desculpa pelo meu incómodo.

Levanto lentamente a cabeça de um livro que já não existe. Lentamente, não quero que perceba toda esta ansiedade. Olho-a. Porque não desvias o olhar. Chega, olha para o teu livro. Sorrio. Sorri. Desvio novamente os olhos, disfarçadamente olho para lado nenhum por trás do seu cabelo negro. Como é liso. Ainda não deixou de me olhar. Está a mexer as mãos por baixo do livro. Toca-se. A minha excitação aumenta. Que fazes? Pergunto-me. Olho-a novamente nos olhos. Já não sorri. Morde ligeiramente o lábio inferior. Sinto-lhe o prazer. Também ela sabe que estou excitado. Quero-a. Vou falar-lhe. Vou tocar-lhe. Não vou dizer nada, vou tocar-lhe. Vou apertar-lhe uma mama, não está ninguém por aqui.

Estava a ler-me os pensamentos. Sabia pelos meus olhos tudo o que eu imaginava. Abriu ligeiramente as pernas e tocou-me o joelho com o dela. Tocou uma vez, voltou a fechar as pernas e voltou a abri-las para me tocar novamente. Olho-a em toda a sua dimensão. Puxou a saia para cima e deixou cair o livro para o chão. A saia está muito subida. Tem a mão dentro das meias, está a tocar-se. Sei que tem os dedos dentro dela. Vejo os movimentos e imagino os meus dedos rodeados pelo seu calor, pela sua humidade. Coloquei-lhe lentamente o braço por cima dos ombros, puxei-a na minha direção até que se encostasse ao meu corpo. Quero tocá-la.

Num movimento único, largo o livro e toco-lhe o ventre. Enquanto encosta a sua cabeça no meu ombro, encolhe-se num quase impercetível gemido. Subo-lhe a camisola de lã preta, tem também outra camisola por dentro, parece ser algodão, uma t-shirt talvez. Subo-a também, toco-lhe a pele. É suave, está quente. Sinto a sua respiração ofegante no ventre. Subo a mão, não tem aros, a firmeza é natural. Não sigo os padrões habituais e sinto já os seus mamilos nas minhas mãos. Estou muito excitado. Olho novamente a sua mão. Está a levantar os collants, convida-me a entrar. Desço rapidamente a mão, largo aquelas mamas firmes, com mamilos pequenos, mas muito duros. Tem a mão muito molhada. Segura-me os dedos entre os dela, estão molhados, quentes e muito molhados. Guia-me para dentro dela. Que calor. Não sei se o metro parou alguma vez, mas ninguém entrou. Não sinto qualquer pelo púbico, só calor, humidade e aquele indizível prazer causado pelo perigo. Estou a penetrá-la com os dedos. Está a tirar a mão. Não quer que a siga, deixou os meus dedos dentro dela. Penso, que cona, está encharcada. A palavra não me sai da cabeça e leva-me à quase loucura. Vai tocar-me. Quase expludo dentro das calças. Sinto a sua mão pressionar-me, está a tocar-me. Por cima das calças, esfrega-me lentamente. Abre-me o fecho das calças. Abre os botões e guia-me o sexo para a nudez completa. Não há tempos de espera. Os seus dedos, apesar de terem já tocado a minha roupa, continuam ainda envolvidos nos seus próprios fluídos e seguram-me com força. Está a masturbar-me. Se alguém entra. Depressa, mais depressa. Acelero o movimento dos meus dedos e penetro-a. Cada vez mais depressa, cada vez mais profundamente. Alterno entre a suavidade dentro dela e a rigidez do seu clitóris. Está cada vez mais molhada. A loucura repete-se na minha mente – que cona. Depressa, toca-me mais depressa o caralho com os teus dedos húmidos. Sinto-a comprimir um gemido e apertar-me dentro dela. Expludo. Continua durante um momento. Depois, ainda duro, volta a colocar-me dentro das calças, dentro dos boxers. Não consigo ainda sair de dentro dela, aperta-me com demasiada força. Durante alguns segundos, não mais que cinco, talvez seis, aperta-me com demasiada força. Só depois me liberta. Retiro-me, limpo a mão na minha cadeira.

Endireitou-se rapidamente enquanto retocava o cabelo. As roupas. Tenho que me limpar. Está já tudo no sítio. O comboio está a parar. Sem me olhar, sem uma única palavra, deixa-me um cartão, levanta-se e sai. “Caso-me no Domingo, tinha de fazer algo. Por favor, se alguma coincidência nos juntar novamente, tudo isto foi apenas um sonho. Um beijo, Paula”. Lisboa, a grande metrópole.

até que o silêncio se esconda...

Janeiro 05, 2021

até que o silêncio se esconda

no nascer do fogo

 

até os gemidos cintilarem

na carne suada

 

até que um pássaro

saia a voar dos lábios para os dedos

 

até que derretam todas as correntes

cordas e algemas

 

até a distância

ser uma gota de orvalho

numa pétala de rosa azul

talvez não o saibas...

Janeiro 05, 2021

talvez não o saibas, mas encontrei em ti a fórmula que transforma toques dos dedos em pólvora, iluminaste a húmida escuridão das grutas e incendiaste os galhos mortos que havia no meu caminho. talvez não o saibas, mas com os teus braços abraço o mundo inteiro.

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