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Fevereiro 10, 2023
um fulgor entusiasta surge-lhe entre os lábios sempre que sorri. essa recordação assaltou-me mal abri os olhos. até a ver, serei apenas uma onda, impaciente por se espraiar. serei apenas uma ave sedenta, irrequieta e nervosa, aos pulos na memória e na terra. até a ver, ela será o ardor dos incêndios no meu corpo. sempre que acordo, sou onda e ave que ardem secretamente.
acordei para o sonho. acordei para ver versos florirem. o sono fez-se de algum vento, mas ao meu redor: de novo ternura. passei a noite, mesmo quando ventava, com ela nos lábios – na boca – e na pele. o dia já se faz de calor. ela é o dia e a manhã ainda fresca. ela é o meu desconforme: a desproporcionada largura que as palavras me permitem.