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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

#62

Junho 29, 2025

novamente sobre a passagem do tempo.


é curioso que se eu ficar a olhar para o relógio, o tempo parece passar brutalmente mais devagar. se, por outro lado, eu não olhar para o relógio, os minutos voam.

é como se o tempo se divertisse às minhas custas — estica-se, encolhe-se, esconde-se. há dias em que um minuto dura uma eternidade e outros em que horas desaparecem sem deixar rasto. talvez não seja o tempo que muda, mas o modo como o sentimos. aliás, é.

às vezes penso que o tempo não é o que passa, mas o que pesa. pesa quando espero, quando adio, quando tenho medo. e é leve quando me esqueço dele, quando estou inteiro onde estou, sem pressa nem fuga.

há memórias que parecem de ontem e já têm anos. há dores que doem como se fossem agora. há sonhos que ainda não nasceram e já nos consomem.

a passagem do tempo não se mede só em ponteiros — mede-se em ausências, em silêncios, em mudanças que nem demos por ter acontecido.

e talvez seja por isso que escrevo também — para fixar um instante, para tentar agarrar algo que insiste em escorregar. porque às vezes o que escrevo é só um jeito de dizer: eu estive aqui. eu senti isto.

antes que o tempo leve até isso.

 

SONHO II

Junho 27, 2025

Voltei a sonhar contigo, docinho.

Acordei com o corpo ainda em brasas e a mente agarrada a cada detalhe teu. No sonho, estavas como gosto de te imaginar: descalça, cabelo solto, olhar meio inocente, meio fatal… e aquele teu sorriso, tão certo do efeito que tem em mim.

Estávamos sozinhos — como deve ser — e bastou um gesto teu, simples, quase distraído, para me perder por completo. Aproximaste-te devagar, sem pressa, com aquele ar de quem sabe exatamente o que está a fazer. Disseste que tinhas saudades da minha boca, e eu nem consegui responder. Os meus lábios encontraram os teus como se tivessem estado à espera a vida toda.

Beijei-te como quem tem fome antiga, e tu devolveste o beijo com essa intensidade doce que só tu sabes dar. As tuas mãos guiaram as minhas com uma confiança que me deixou sem ar. As tuas pernas envolveram-se em mim e, por momentos, tudo o resto deixou de existir. Só me lembro da tua pele quente, do teu respirar no meu ouvido e de como o teu corpo dizia tudo aquilo que as palavras já não sabiam.

Acordei com o teu sabor na boca e um desejo difícil de apagar.

#61

Junho 27, 2025

há silêncios que confortam - e outros que pesam. estar sozinho pode ser escolha, descanso, espaço para respirar. solidão, essa, chega mesmo quando há gente por perto. é o vazio que não se preenche com palavras ou presenças, porque vive dentro. estar sozinho é presença inteira consigo mesmo; solidão é ausência até de si. e às vezes confundem-se, trocam-se, disfarçam-se uma na outra. mas quem sente sabe: há dias em que o silêncio abraça e outros em que consome. talvez por isso se escreva - para se ouvir por dentro, para não se desaparecer de vez. porque há vazios que não se calam, mas também não se explicam.

 

#60

Junho 25, 2025

há saudades que não choram — assentam. não gritam, não pedem nada. apenas ficam. uma presença ausente, um eco que não se apaga. é a falta daquilo que sabemos, com uma certeza cruel, que nunca mais voltará. não há volta, nem hipótese, nem ilusão. só a ausência a crescer dentro, discreta mas imensa. e escrevemos, talvez para dar forma ao que já não tem corpo. talvez para não esquecer, ou talvez para conseguir aceitar. porque há coisas que não se curam — apenas se carregam.

 

#59

Junho 25, 2025

há dias em que o tédio já não fere — apenas existe. não queima, não rasga, não grita. apenas paira, como um nevoeiro morno que embacia os olhos e apaga as horas. não dói, mas mói. não mata, mas gasta. é uma presença vazia que se instala entre os gestos e os pensamentos, e torna tudo pesado. só a escrita resiste. não como fuga, mas como fio de luz. escrever é o que resta quando a alma já não se lembra do que a move. é o que salva, mesmo quando já não há nada de urgente para salvar.

Compulsão - 23

Junho 24, 2025

senti-me genuinamente feliz quando entrámos no café e vi que, excluindo funcionários, estava totalmente vazio. não sofro de demofobia, não tenho sensações de desmaio, nem ataques de ansiedade e nem sequer evito situações onde sei que estarei exposto a muita gente. é mais uma questão de “não gosto e pronto”.

 

apesar disso, agradava-me e, mais que isso, seduzia-me a ideia de exibir a Maria aos olhos de um completo estranho e decidi que o faria. no banco de trás, vendei-a,

quando chegámos, fechei-lhe o casaco, mantive-lhe a venda e ordenei-lhe que ficasse com ela até eu lha tirar. ajudei-a a sair do carro e a caminhar vendada até à porta de um armazém sem qualquer identificação. antes de bater, voltei a abrir o casaco da Maria. estava, agora, vendada, com um seio exposto e com o outro a ver-se através da transparência.

 

 

ÍNDICE

 

 

 

 

 

 

ANASTASIIA II

Junho 23, 2025


as manhãs chegam-me com o contorno do teu rosto
como se a luz te imitasse em silêncio, passo a passo
e o ar herdasse o teu nome sem saber dizê-lo

vejo-te nos gestos da brisa sobre a relva alta
nos cabelos das árvores quando o vento as visita
e nos sorrisos secretos das águas muito claras

o teu corpo é mapa e miragem, caminho e naufrágio
é onde a razão se curva e o tempo aprende a parar
és instante suspenso em corda de violoncelo
és fuga e presença no mesmo verso que invento

se te escrevo é porque o mundo se torna suportável
é porque tua imagem doma em mim o desatino
é porque o amor se recomeça no teu perfume
é porque existes — e isso basta para que eu cante

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As mensagens são privadas e, se usarem dados fictícios, totalmente anónimas.

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