#51
Junho 13, 2025
Confesso que estou totalmente obcecado com a perceção que a passagem do tempo me dá.
Pela experiência que tenho da minha vida pré AVC, tirando situações limite de grande alegria ou grande tristeza, essa passagem é supostamente linear.
Atualmente, não é isso que acontece. Aleatoriamente, há momentos que parecem eternidades e eternidades que são apenas instantes.
No meio disto tudo, a pergunta impõe-se: será que o tempo sempre foi assim e só agora o estou a ver de frente? Antes do AVC, talvez eu estivesse tão ocupado a viver dentro do tempo, que nunca me ocorreu observar a forma como ele me atravessava.
Agora, sinto que estou mais fora dele, como se assistisse a uma peça em que antes era ator e agora sou apenas espectador, mesmo que por vezes, sem querer, ainda entre em cena.