beijo a boca de cada palavra...
Janeiro 21, 2023
beijo a boca de cada palavra
para suprir
e entre elas a nudez
ou delírios
animais selvagens
e rosas azuis
alucinações do desejo.
poemas.
no corpo.
no escorregar
de cada mão.
versos nos teus lábios.
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Janeiro 21, 2023
beijo a boca de cada palavra
para suprir
e entre elas a nudez
ou delírios
animais selvagens
e rosas azuis
alucinações do desejo.
poemas.
no corpo.
no escorregar
de cada mão.
versos nos teus lábios.
Janeiro 21, 2023
como rastilho de luz e ternura
cada palavra acende de novo
o sol no sangue
e nelas há uma boca que me beija
talvez isto seja a tão falada eternidade
ou talvez seja apenas o teu jeito ou o teu gracejo
é certamente alegria
e depressa me inundou com novos motivos
um dia beijarei os versos e beberei o sol
farei da fonte rosada almofada do meu desejo
e irei desenhar o mar no teu ventre despido
dos teus olhos deslizam a plenitude e os rios
como navios transparentes
– à espera estarão os meus lábios
Janeiro 20, 2023
cidade, mas também as únicas palavras que me dançam dentro. palavras com boca. palavras nuas. por vezes, palavras impenetráveis. outras vezes, palavras de claridade ou água. sempre de carne. quando estou na barrenta fronteira para o silêncio, é a tua voz de vidro a manter-me na superfície e a restaurar a alegria. são rumores terrenos de calor cósmico. pontes. oiço-as e é como se descobrisse o mar. é como se descobrisse o encanto do mundo. é como se viessem de um paraíso distante, uma onda as elevasse e se espraiassem no meu corpo.
Janeiro 20, 2023
a cada minuto uma hora lenta que teima
e uma dolorosa manta de silêncio em cada um
sufoca cada beijo imaginado
como as cordas enroladas nos pés
Janeiro 19, 2023
anoitece como se as estrelas caíssem
e os relâmpagos se apagassem sem trovões
como se nas veias me corresse ácido
e tudo se perdesse nos meus olhos
nem o brilho cristalizado pelo desejo
nem a angelical imobilidade dos lábios entreabertos
ou a memória das mãos no corpo
protegem da insónia e atenuam a ausência
apenas tento o sono depois de gritar o teu nome
sobressalto ou inquietação
tortura de pensar
silêncio
silêncio
angústia
Janeiro 17, 2023
as palavras mais bonitas nascem-lhe nos olhos
como se fossem pétalas a soltarem-se da mãe
ou água a descer por rochas verdes e brilhantes
sonho deslizar-lhe um dia pela rigorosa curva
ou pela silhueta vermelha que sei existir-lhe
porque oiço a ousada adolescência quando fala
o seu aroma хвилясте transporta-me ao mar
eleva o desejo à longa potência do horizonte
desenrolando-lhe a nobreza da pele nos meus olhos
e sendo altar ou santuário ou templo da juventude
se lhe escrevo é porque me inspira pura voz e sorriso
é porque sobre o silêncio das aves cai o seu esplendor
é porque a sua ausência derrama insuportável ácido
é porque das palavras nasce um dos gemidos em que amo
Agosto 01, 2022
és linda. desconfio que nem sabes o quanto. amo os corredores que abres no meu corpo e os rios de cristal que te correm entre os lábios – que te navegam entre os lábios como navios leves. o teu fulgurante sorriso é uma cidade acordada. acesa. uma cidade que flutua na tua voz. uma cidade de desejo com telhados de furor e ruas abertas entre a tranquilidade e o vermelho. uma cidade que, em cada janela, tem uma mulher que canta e bebe mel entre cada estrofe, onde, em cada janela, há uma manta estendida a indicar que é aquela a morada do sol. uma cidade com dez fábricas de ternura.
Junho 30, 2022
pressinto em ti o sabor cintilante, talvez porque a tua boca me lembre o vigor do fogo ou nos teus olhos habite o fulgor magnético de um sorriso.
já é noite.
instalas-te como se aqui estivesses, como se as tuas mãos mornas me tocassem na memória. descobrem os motivos do amor. fogem. deixam o lume.
pressinto a tua respiração e a tua nudez. pressinto a brandura das pérolas.
pressinto o doce e ávido enleio dos caules. o ritmado interromper do silêncio noturno pela carne e a explosão das lágrimas.
adivinho a ternura e o arrepio.
Março 31, 2022
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Dezembro 17, 2021
faltam-me as palavras para descrever o peso de alguns silêncios. para explicar o aperto invisível do ar no meu corpo.
o infinito cresce sem regras e sobra sempre tanto. só a recordação sabe sorrir. mesmo ela desvanece e vai acabar por me abandonar ao vazio. se, primeiro, não me levar aos jardins de fogo onde reinam as sombras.
Nick Cave. lentamente. é isso. no ar, como se os acordes fossem amantes. como se estivessem despidos. a solidão é um paradoxo. uma grande folha em branco e nunca estamos sós em frente a uma.