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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

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Novembro 27, 2020

tens a pele que percorro nos sonhos. a lisura por onde, todas as noites, escorrego até ao campo de tulipas lilases no teu ventre. na difícil espuma da rebentação, na intacta memória e na geometria do corpo, a tua pele é a colher cheia de mel, a estrada lisa que me liga ao amor.

tens a voz que se eleva do mar como se fosse o Sol a nascer no horizonte. sei, pelos arrepios que me provoca, que é a tua voz, mas vejo-a como manta solar ou como eterna fogueira que me arde no sangue. é um mundo de gemidos que me penetra pela mente e ocupa todos os caminhos até ao coração.

é tão óbvio que já deve ter sido dito: lembrar-te no passado, permite-me desejar um futuro contigo presente. no teu sorriso longo, fulgor que vai além do infinito, fica o nascimento. sonho em descer as suas vertentes e navegar nos teus lábios até às margens do teu beijo. por enquanto, tenho apenas o silêncio ardente dos pássaros, a solidão das estrelas e a cruel navegação da saudade no corpo. é silêncio o rumor do mar na geometria do teu sorriso. a única lei que existe é a do teu sorriso, é nele que repousam o infinito e o sonho, é a ele que devemos as serras e a poesia. sem ele eu sei que nada morre, mas os rios secam e o ar rareia, sem ele sobra apenas a cegueira.

em cada um dos teus olhos, permanentes quimeras que o universo desenha na minha cama com dedos de fogo, é possível adivinhar o lume e conseguem-se ver o mar, os rios e a terra molhada.

só nas nuvens se consegue escrever as tuas mãos e apenas no calor é que elas se movem lentas. inerente ao prazer do toque está a tua respiração e a energia que ela transmite e revela aos sismos.

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Novembro 26, 2020

amo os corredores que abres no meu corpo e os rios de cristal que te correm entre os lábios – que te navegam entre os lábios como navios leves. o teu fulgurante sorriso é uma cidade acordada. acesa. uma cidade que flutua em recordações. uma cidade de desejo com telhados de furor e ruas abertas entre a tranquilidade e o vermelho. uma cidade em que, em cada janela, há uma mulher a cantar e a beber mel entre cada estrofe, onde, em cada janela, há uma manta estendida a indicar que é aquela a morada do Sol.

todas as noites, sinto-me a solidão a percorrer uma rua até ser de manhã. cambaleante. um tronco à deriva na imensidão. no entanto, basta sonhar a tua silhueta para que peixes, transparentes e brilhantes como vidro, nadem pelas ruas do infinito, protegidos pela densidade do silêncio. nadem alegres. como se dançassem.

não permitas que me escondam o teu corpo. só com ele sei o mundo, só ele me ajuda a dormir. não permitas que me escondam a tua alma. só com ela sei o sonho, só ela me ajuda a respirar.

Y., enquanto as palavras esperam o sono, é a nudez imaginada na imobilidade das imagens que me incendeia o corpo numa fogueira de desejo e os lábios da vontade em gemidos de mar crepitante. sentir-te uma vez é nunca mais conseguir esquecer-te. agora que só as pedras respiram e os teus dedos apenas apertam palavras no ventre esquecido dos versos é o beijo que vejo. agora que navegamos em rios distantes e o teu grito se eleva dos poemas, como se voasses pela minha sombra, é o sorriso que recordo. são inúteis as tentativas, há sempre um qualquer instrumento nas tuas mãos que remexe e reaviva o fogo.

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Novembro 24, 2020

escrever-te é muito complicado, meu amor:

o sabor permanece e tropeço no fogo

a cada palavra. a memória da tua boca.

 

uma paragem: um verso demora o teu cabelo

e um poema é a eternidade da tua pele.

 

tenho o teu sorriso tatuado nos dedos

e cada palavra o floresce nos meus olhos.

 

os teus lábios. as tuas mãos acordadas no meu corpo.

 

é fácil escrever-te.

AVC-R - Cap I

Novembro 23, 2020

A verdade sobre o amor nunca foi escrita. Nunca poderá sê-lo. São inúteis todas as palavras e símbolos que conhecemos para descrever algo que na realidade não existe em forma alguma. Que existe em todas as formas e não-formas, mas que não existe em forma alguma.

Tudo o que foi escrito sobre o amor são criações. Criações da alma, do espírito e da mente. Criações de poetas, prosadores, pintores, filósofos, psicólogos, sociólogos e profetas. São definições criadas por vós, por mim, por novos e velhos, homens e mulheres. Todos alteramos a definição de amor. Alteramo-la à medida que muda o objeto do nosso amor, alteramo-la através da erudição, da experiência, da religião, do sofrimento e da alegria. Alteramos as definições, mas não alteramos o amor.

Somos tristes por amor, somos felizes por amor, sonhamos por amor e não dormimos por amor. Amamos pais, filhos, irmãos e amigos, livros, cinema, música e teatro, montanhas, florestas, praias e desertos. Amamos pessoas de outro sexo, do mesmo sexo ou de ambos. Amamos uma, duas, três pessoas em separado e ao mesmo tempo também. Amamos o desconhecido, o conhecido, o sonho e a realidade. Amamos deuses, deusas, ninfas, musas, heróis, vilões, monstros, dragões e demónios. Em tudo encontramos amor e tudo pode ser objeto de amor. Experimentem! Escrevam ou pronunciem um nome ou um símbolo, procurem e nele encontrarão Amor.

Porque há amor nas palavras, no silêncio, no mar, na terra, no Sol, na Lua, no dia e na noite: é tudo o amor.

Porque vivemos por e para o amor, porque morremos, matamos, ferimos, curamos e salvamos por amor, pelo amor e no amor: é tudo o amor.

Porque corremos e paramos, compramos e vendemos, lutamos e desistimos, porque há guerras por amor e paz graças ao amor: é tudo o amor.

O amor é sentimento e não-sentimento, é matéria, é espírito e é mente. É forma e não-forma. O amor é tudo e sendo tudo o amor é também o nada.

Será isto o amor? Um Tudo-Nada?

Meu Deus, quão inúteis são estas palavras e todas as nossas dúvidas!

Amar somente.

.

Novembro 23, 2020

ardes no meu sangue sempre

que faço comprimido das palavras

e sempre as chamas roçam a memória

se tens asas

 

é porque da tua alma desponta a transparência  

ou o vitrificável fulgor

com que me consome o teu fogo durante o silêncio

é porque o teu sorriso vibra como adolescentes

 

chegas e com o coral que te cresce nos dedos

desenhas-me o sossego no peito

 

cruzaste a vida e o mar

com a urgência esdrúxula das marés

 

talvez sejas só um pássaro marítimo

e talvez venhas só de um rumor longínquo

.

Novembro 22, 2020

deixa que os meus olhos escorram na tua pele

como se fossem uma palavra em busca do verso

nos poemas que em mim escreves com a nudez

 

deixa que as nossas línguas lutem tresloucadas

como uma explosão de animais loucos e selvagens

nas pautas mágicas que se enchem com a tua voz

 

regresso à fragilidade e ao fogo da tua pele

como se o infinito fosse a brevidade do fumo

 

volto à forma que tinhas ao luar

como se o vento fosse e ficasse

.

Novembro 21, 2020

da lentidão e precisão dos violinos

emerge a imagem parada

e o sangue acelera

com a memória que

o corpo tem do corpo

e a língua de fogo da língua

 

a imagem é só imagem

e mesmo assim recorda

a silhueta do amor

e a pele

recorda que são lunares

as flores de cabelo

que são solares o toque

e os lábios

.

Novembro 20, 2020

nunca me canso de procurar um verbo de fogo

capaz de incendiar o teu sangue;

a palavra com dedos de água

capaz de te percorrer e despir:

nem que infinito nos separe ou eu tenha de correr pelos mil cantos do universo, não vou desistir de procurar aquela palavra com a chave do mundo.

nenhuma sombra.

nenhuma pedra.

nada poderá esconder-ma. nem que não venha em dicionários.

 

talvez esteja escondida entre a espuma e o vermelho.

talvez seja de vidro ou transparente. não importa.

.

Novembro 18, 2020

eu não quero amar-te

mais do que te amo

ou menos do que te amo

quero amar-te como te amo

 

como o dia e o sol

como um grito no sangue

uma fogueira na pele

ou um gemido da alma

 

amo-te

como se fosses noite

e eu estrela acesa no teu ventre

 

amo-te

entre os murmúrios

e as mãos

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