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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

...

Setembro 24, 2012

Meu amor,


 


aqui, onde estou, não chove há muito. Toda esta seca me lembra da humidade nos teus lábios quando me beijas. Quando a tua ternura me afoga. Ainda há pouco te vi, mas já sinto a tua falta. Pouco, é só uma forma de dizer. Cada segundo sem ti, sem os teus braços na minha cintura, é muito tempo. Vou dormir para chegares depressa.


 


Para sempre teu,


Carlos

...

Setembro 23, 2012

Meu amor,


 


estou cada vez mais empenhado em limpar da face o fumo e o sangue que lá deixaram. Nas florestas o vento corre sozinho entre os troncos envelhecidos de árvores muito antigas, mas no meu corpo vem com cacos de vidro como companhia. É o teu sorriso que me resguarda desse vento. Estou cada vez mais empenhado em fazer desse vento oleoso uma brisa simples e fresca a soprar-me infinitamente na face.


Para sempre teu,


Carlos

...

Setembro 23, 2012

Meu amor,


 


lembro, com incrível nitidez, o primeiro momento em que te vi. Encostada ao vidro do balcão que chegou a ser nosso dias mais tarde. Jamais, aconteça o que acontecer, esquecerei o calor que fazia nos teus olhos e a forma solene como a luz iluminava o dourado da tua pele. Não me lembro da data, nem o que vestíamos, mas lembro-me bem das flores brancas no teu sorriso e da forma descompassada do meu coração bater sempre que os meus olhos se cruzavam com os teus. Se não me doesse tanto a mão, poderia descrever eternamente a beleza naquele momento.


 


Para sempre teu,


Carlos

...

Outubro 25, 2011

Querida C.,


 


É estranho quando lemos a primeira palavra e sabemos de imediato que todo o texto nos é dirigido. Li hoje a tua carta. Estranhei a tua mensagem de despedida e, mais ainda, a prolongada ausência. Compreendo, agora, com a tua carta, todos os avisos que durante estes dias tenho sentido. Sabes C.?, a alma também são estes pressentimentos e ela, a alma, não pode nunca estar enegrecida. Talvez possa, por vezes, estar coberta com um manto sombrio de dúvidas ou razões, mas enegrecida não. A alma é a única luz que nunca se apaga, deverias por isso acreditar na nossa amizade todos os dias e não apenas hoje. A regularidade não significa nada, duas pétalas da mesma flor, mesmo quando guardadas entre as páginas de diferentes livros, serão sempre duas pétalas da mesma flor.


 


Por isso te digo, querida amiga, a tua alma não está, nem nunca esteve enegrecida, a tua alma está envolvida em dúvidas, está sufocada pela razão e talvez também pela falta dela. Dizes que dificilmente voltarás a acreditar no amor, que te apetecia dizer que nunca mais acreditarás no amor, pergunto-te, não será também o amor, esse acorrentar da alma à razão quando outros valores se erguem? Se assim for, essa sobreposição de que falas, não será também amar? E como poderá alguém deixar de acreditar no amor e amar ao mesmo tempo?


 


Tu não precisas de quem te ensine o que é o amor. Também não precisas de mudar a ideia que tens do amor. Amor é o que tu sentes, não é o que pensas dele e muito menos o que te possam ensinar sobre ele. As opções de vida que referes, são de certeza uma outra forma de amar. Talvez sejam apenas uma forma de amor para a qual não estás ainda totalmente sensível. Apesar disso, não podemos misturar o que sentimos por esta ou aquela pessoa com o verdadeiro significado do amor. As pessoas existem, o que sentimos por elas também, o verdadeiro significado do amor não.


 


Vivemos numa balança. Num dos pratos, algo que ninguém sabe quanto pesa, no outro, tudo aquilo que somos, tudo aquilo que sentimos e tudo aquilo que nos rodeia. O resultado, deverá ser um equilíbrio natural. Um equilíbrio, reconheço, muitas vezes difícil de conseguir, já que não conhecemos o peso que força um dos pratos. Por isso, temos que jogar com o prato que conhecemos. Não é fácil, ter que aumentar ou diminuir o peso desse prato até equilibrarmos a balança. Não é fácil, as pessoas existem, o que sentimos por elas também, o verdadeiro significado do amor não. Não é fácil, mas o importante é o equilíbrio. O importante é amares as opções que tomas e decidires sempre pelo teu equilíbrio. O importante és tu.


 


Um beijo de um amigo que chorará sempre cada uma das tuas lágrimas. Um beijo de um amigo que sempre se alegrará com cada um dos teus sorrisos.


 

c a r t a s d e u m q u a l q u e r s o l d a d o

Agosto 29, 2009

 


I


 


Princesa,


 


permitiram-nos hoje parar pela primeira vez. Aproveito por isso, estes primeiros minutos nocturnos, para te escrever. Não sei quando poderei mandar-te esta carta, não sei sequer se terei tempo de terminá-la ainda hoje, provavelmente não. As pausas são curtas. Apesar de todo o treino, de toda a teoria, há uma coisa totalmente diferente por aqui: o tempo. A falta dele. Ou o excesso, ainda não consegui perceber. Tudo se faz muito devagar, mas tudo acontece muito depressa. A sequência de horas, minutos e segundos, por aqui, não tem qualquer significado. O tempo é medido em metros. Não importa o tempo que se demora, importa é avançar. Avançar sempre. Avançar devagar, o mais depressa possível. Mas, permitiram-nos hoje algum tempo, quero aproveitá-lo para te dizer que te amo mais a cada passo que dou nestas areias desconhecidas. Quero aproveitá-lo para te perguntar se está tudo bem por aí e como tens passado o teu tempo. Por aqui, as noites são muito lentas. O silêncio, que tanto amamos, veste-as de medos vermelhos, mutila-nos o sono e prolonga as trevas para além da linha imaginária que separa a razão e o espírito. A mudez, quase completa, é a companhia nocturna que enlouquece e a voz do inimigo que combatemos. Periodicamente, um ou outro rasgo luminoso atravessa o céu e ilumina as dunas distantes. Aqui nem as areias dormem. Passamos a noite acordados, a contar e a seguir os relâmpagos mecânicos que atravessam o céu, a tentar desviá-los com os olhos dos buracos famintos que fingem proteger-nos. Aqui, não raras vezes, prolongamos a noite com medos, na esperança que se prolongue também a vida. Sinto a tua falta


 


II


 


Meu amor,


 


Estou aqui de novo. Passaram já alguns dias desde que comecei a escrever-te. Estamos já perto de uma cidade, mas tudo continua escuro. Escondi-me um instante. Escrevo-te iluminado apenas pela morte anunciada nos relâmpagos que as bombas e morteiros disparados desenham no céu. Escrevo-te a espaços. Cada frase é um objectivo destruído, são corpos que caiem algures. Agora tudo é mais rápido. A virgindade das areias vai ficando para trás e tudo é muito mais rápido. Em breve entraremos na primeira aldeia, depois na primeira cidade. Escondi-me para te confessar que já não sei porque vim. Hoje vi um homem morrer. Estava todo vestido de branco. Trazia numa mão um rapaz, não tinha mais de onze, doze anos. Na outra trazia uma espingarda, acho que artesanal. Uma velha espingarda, demasiado velha para ser usada e demasiado espingarda para estar na mão de um tão velho homem. Disparou contra nós. Apesar dos avisos, apesar dos gritos, disparou contra nós. Tiveram que o matar. Duas balas trespassaram-lhe o peito. Ao rapaz não sei o que lhe fizeram, mas está vivo. Já não sei porque vim, meu amor. Tenho saudades do teu cheiro.


 


III


 


Meu amor,


 


Estamos ainda às portas da primeira cidade. Quem sabe se da última cidade no meu caminho. Terminei a última carta, que ainda não pude enviar, dizendo-te que já não sabia porque vim, que já não sabia porque deixei contigo o amor que me ensinaste e vim para esta terra onde a morte é a única que sabe amar alguém. Mas tu deves lembrar-te, amor. Deves lembrar-te do pouco que pude contar-te nos meses que antecederam esta viagem.

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