a violência de um pássaro ausente
Julho 23, 2004
depois, por vezes, surgiam homens vestidos de sombra
e o beijo da escolha tornava-se demasiado pesado,
a violência de um pássaro ausente fazia-se medo e silêncio,
a roda gigante, no topo do parque, parava e eu não queria lá estar,
mas, no final do verão, as aves seguem sempre o mesmo caminho
e nem o cheiro a carne putrefacta me desviava dos trilhos marcados,
nem essas estradas há muito desenhadas me pareciam as minhas.
era então quase como que fugir amar o delírio dos outros,
fechar-me nesse sedento mundo de mentiras, que alguém inventou,
para que pudesse eu nesses dias de eclipse inventar-me de novo.
como se cada página fosse um nascer imaginário do sol,
fazia meus os sorrisos lá inscritos e, às lágrimas, ignorava-as,
como se afogá-las no sangue ferrugento de velhos fantasmas,
fosse como censurar as noites escritas a vermelho pelas dúvidas.
e o beijo da escolha tornava-se demasiado pesado,
a violência de um pássaro ausente fazia-se medo e silêncio,
a roda gigante, no topo do parque, parava e eu não queria lá estar,
mas, no final do verão, as aves seguem sempre o mesmo caminho
e nem o cheiro a carne putrefacta me desviava dos trilhos marcados,
nem essas estradas há muito desenhadas me pareciam as minhas.
era então quase como que fugir amar o delírio dos outros,
fechar-me nesse sedento mundo de mentiras, que alguém inventou,
para que pudesse eu nesses dias de eclipse inventar-me de novo.
como se cada página fosse um nascer imaginário do sol,
fazia meus os sorrisos lá inscritos e, às lágrimas, ignorava-as,
como se afogá-las no sangue ferrugento de velhos fantasmas,
fosse como censurar as noites escritas a vermelho pelas dúvidas.