Atrás da Porta - 2
Setembro 16, 2018
No exterior, o vento sibilava e feria os lábios a todos os que se atreviam enfrentá-lo. Varria, com violência, as folhas que repousavam na relva – levantava-as num remoinho e só as largava vários metros depois. Ouvia-se a chuva a chocar ferozmente contra o chão. Nem uma sombra se atrevia a passear. Treva imensa, só a espaços interrompida pela intensa claridade dos relâmpagos que, por vezes, rasgavam o céu e usavam as cercas vivas de murta, que separavam as casas e os jardins de cada uma, para projetar no solo figuras fantasmagóricas que pareciam mexer-se.