Atrás da Porta - 4
Setembro 19, 2018
Os amigos estavam a jogar a dinheiro e com um sistema de pontuação, inventado por eles, que permitia que cada um dos três derrotados não perdesse mais que vinte euros por noite. Eram todos jovens, licenciados e com trabalhos estáveis, mas intelectualmente muito exigentes. A noite da jogatana era mais para descomprimir e beber umas cervejas do que outra coisa. Menos para o Rui, que levava aquela noite muito a sério. Tanto que, certa vez, deixou de comemorar o aniversário de namoro para poder estar com os amigos. “Namoradas há muitas!”, dizia ele. Para o Rui havia mesmo. A pele morena, os olhos águas-marinhas e a sublime habilidade para a sedução (e para a mentira – que ele usava com mestria) asseguravam-se disso.