AVC-R - Cap I
Novembro 23, 2020
A verdade sobre o amor nunca foi escrita. Nunca poderá sê-lo. São inúteis todas as palavras e símbolos que conhecemos para descrever algo que na realidade não existe em forma alguma. Que existe em todas as formas e não-formas, mas que não existe em forma alguma.
Tudo o que foi escrito sobre o amor são criações. Criações da alma, do espírito e da mente. Criações de poetas, prosadores, pintores, filósofos, psicólogos, sociólogos e profetas. São definições criadas por vós, por mim, por novos e velhos, homens e mulheres. Todos alteramos a definição de amor. Alteramo-la à medida que muda o objeto do nosso amor, alteramo-la através da erudição, da experiência, da religião, do sofrimento e da alegria. Alteramos as definições, mas não alteramos o amor.
Somos tristes por amor, somos felizes por amor, sonhamos por amor e não dormimos por amor. Amamos pais, filhos, irmãos e amigos, livros, cinema, música e teatro, montanhas, florestas, praias e desertos. Amamos pessoas de outro sexo, do mesmo sexo ou de ambos. Amamos uma, duas, três pessoas em separado e ao mesmo tempo também. Amamos o desconhecido, o conhecido, o sonho e a realidade. Amamos deuses, deusas, ninfas, musas, heróis, vilões, monstros, dragões e demónios. Em tudo encontramos amor e tudo pode ser objeto de amor. Experimentem! Escrevam ou pronunciem um nome ou um símbolo, procurem e nele encontrarão Amor.
Porque há amor nas palavras, no silêncio, no mar, na terra, no Sol, na Lua, no dia e na noite: é tudo o amor.
Porque vivemos por e para o amor, porque morremos, matamos, ferimos, curamos e salvamos por amor, pelo amor e no amor: é tudo o amor.
Porque corremos e paramos, compramos e vendemos, lutamos e desistimos, porque há guerras por amor e paz graças ao amor: é tudo o amor.
O amor é sentimento e não-sentimento, é matéria, é espírito e é mente. É forma e não-forma. O amor é tudo e sendo tudo o amor é também o nada.
Será isto o amor? Um Tudo-Nada?
Meu Deus, quão inúteis são estas palavras e todas as nossas dúvidas!
Amar somente.