Carpe diem
Fevereiro 25, 2012
Confias no incerto amanhã? Entregasàs sombras do acaso a resposta inadiável?Aceitas que a diurna inquietação da almasubstitua o riso claro de um corpoque te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,os instantes; e nos lábios dessa que amastemorre um fim de frase, deixando a dúvidadefinitiva. Um nome inútil persegue a tua memória,para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;e abraças a própria figura do vazio. Então,por que esperas para sair ao encontro da vida,do sopro quente da primavera, das margensvisíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigaráà renúncia de mim próprio --- nem esse olharque me oforece o leito profundo da sua imagem!"Louco, ignora que o destino, por vezes,se confunde com a brevidade do verso. Nuno Júdice