Charneca em Flor
Março 27, 2012
Enche o meu peito, num encanto mago,O frémito das coisas dolorosas...Sob as urzes queimadas nascem rosas...Nos meus olhos as lágrimas apago...Anseio! Asas abertas! O que tragoEm mim? Eu oiço bocas silenciosasMurmurar-me as palavras misteriosasQue perturbam meu ser como um afago!E, nesta febre ansiosa que me invade,Dispo a minha mortalha, o meu bruel,E já não sou, Amor, Soror Saudade...Olhos a arder em êxtases de amor,Boca a saber a sol, a fruto, a mel:Sou a charneca rude a abrir em flor! Florbela Espanca