Compulsão - 15
Junho 08, 2025
quando chegámos ao hotel, o restaurante ainda não estava aberto, por isso combinámos subir aos quartos e encontrarmo-nos mais tarde.
o calor dentro do quarto esbofeteou-me assim que abri a porta. parecia ser uma barreira invisível entre o quarto e o corredor, uma parede de fogo cuja única função era dificultar, com violência, a minha entrada.
assim que entrei, abri as cortinas para aceder e abrir a janela. os vidros eram modernos, escuros e com um tratamento qualquer que impedia de ver o exterior, ao contrário dos vidros, a caixilharia tinha um aspeto antigo, era de madeira e provavelmente estaria inchada, pois tive de fazer alguma força para vencer o atrito do parapeito.
a vista era desoladora. o hotel e três outros prédios formavam um pátio quadrado, iluminado por uma instalação precária de cinco lâmpadas (uma em cada canto e uma a meio). estava cheio de lixo: eletrodomésticos antigos; televisores velhos – quase todos com o ecrã partido –; bicicletas de várias cores e modelos. só não devia haver lixo orgânico, pois o único odor que se sentia era a mistura de perfumes, deixados pelo sol na muita roupa pendurada nos estendais.
entretanto, bateram à porta do meu quarto. era a doutora Sandra e já tinha mudado de roupa novamente. estava muito elegante e mais sensual que nunca.
o cabelo, muito escuro – sem ser preto –, muito liso e muito longo, estava meticulosamente apanhado num rabo-de-cavalo que lhe pendia da nuca a meio das costas. assim preso e esticado, realçava-lhe ainda mais o olhar sempre espantado e o bem desenhado sorriso.
ela é muito alta.
tinha um vestido preto, de algodão e justo, tão justo como o que usara na viagem e que, mais uma vez, lhe evidenciava as intensas, mas delicadas, curvas do corpo. evidenciando-lhe, em especial, a silhueta e os abundantes seios. com um corte muito original, tapava-lhe o pescoço a toda a volta, mas deixava ombros e braços descobertos. os mais desatentos poderiam dizer que se tratava de uma saia com uma racha enorme e uma criativa blusa, mas um olhar mais atento mostrava que a bonita, magra e longa perna dela estava a espreitar pela racha de um vestido.
a parte da saia ficava um pouco abaixo dos joelhos e a longa racha era de lado, subindo quase até às nádegas e, quase que aposto, era ela que lhe permitia mexer-se dentro do vestido. por sua vez, a parte de cima, tinha, mais ou menos, o formato de um losango que, para além dos ombros e braços, deixava destapados os lados de parte do ventre, liso e brilhante, da doutora. como um cinto, a sublinhar a insinuante cintura, uma corrente fina e prateada brilhava e contrastava, quer com o vestido, quer com a pele dela nos espaços que o losango deixava destapados.
o corte justo, bem como todos e cada um dos pedaços de pele que o vestido mostrava, aumentavam a sensualidade dela:
- Vamos jantar, Bruno? Quero saborear a noite antes que ela se dissolva no trabalho de amanhã.
- Claro, doutora. Deixe-me só ver se tenho alguma coisa para vestir que me deixe à sua altura, mas entre!
- Agradeço. Essas palavras têm um significado especial para mim. – Sorriu e entrou. – Eu dou-te uma ajuda na escolha. Já agora, o meu nome é Sandra e trata-me por tu. Deixa-me ver a tua roupa.
escolheu e pediu-me que eu vestisse um clássico fato preto e uma camisa branca. também foi dela a ideia de eu não usar gravata e de abrir os dois botões de cima.