Compulsão - 17
Junho 10, 2025
subitamente, provavelmente cansada da minha inércia, de uma forma rápida e continua, a Sandra deixou cair os papéis, atravessou um braço à minha frente, agarrou-me pelo ombro mais afastado e empurrou-me para trás, forçando-me a deitar-me. deitou-se sobre mim, fitou-me imóvel e, alguns segundos depois, aproximou lentamente a boca dela da minha. beijou-me. as minhas tonturas desapareceram com o primeiro toque dos seus lábios. o meu sangue era o gemido do seu corpo e as suas mãos eram, substituindo a lentidão inicial com que a sua boca se aproximou, no meu corpo, a fresca e serena fúria dos oceanos. famintas e quase sôfregas, era como se ela tivesse muitas mãos e nada em mim lhes escapasse.
procurámos o lado mais longo da cama, mas agora era eu que estava deitado sobre o seu corpo. serpenteava sobre ele; imitava os movimentos do amor. agarrei-a no pescoço, como se estivesse a estrangulá-la, mas sem fazer grande força. apenas a necessária para lhe manter a cabeça quieta e os olhos fixos nos meus. apenas a necessária para eu aferir quais os passos seguintes:
- Sandra, posso vendar-te?
respondeu-me com um sorriso irónico:
- Trouxeste uma venda para Roma?
- Claro que não, mas podemos fazê-lo com uma das minhas t-shirts de manga comprida.
voltou a responder-me com o mesmo sorriso, talvez um pouco mais brincalhão:
- Escolhe uma lavada!
pensar que tinha confiado em mim o suficiente fortalecia o meu desejo e aumentava a exaltação do momento. amplificava-a.
da mala tirei uma t-shirt.
despi-lhe o tronco e vendei-a.
a Sandra estava, finalmente, como já várias vezes a imaginei e só pensava em beijar-lhe o corpo todo.