diário
Março 22, 2016
a imobilidade. o silêncio. impedem até a morte. mesmo preso a uma doença, preso a um estado, preso aos espelhos (ao que há dentro deles), a companhia da noite é suficiente para a mente viajar por letras afiadas, por palavras pontiagudas. viajar. sonhar.
nas paredes brancas, a silhueta de animais sem sombra respira insetos, peludos e com muitas pernas, como se fosse um colchão de enxofre.
estes lençóis deram-me uma ideia: escrever uma espécie de diário sem datas. as datas obrigam. a ideia não é essa. a ideia é o desconforme: a desproporcionada largura que as palavras permitem.