ficções *
Outubro 17, 2004
noitenão chove lá fora,mas todas as luzes se parecem com relâmpagos.eu tenho medo de relâmpagos.muito lentamente, sobre este medo, o vento. o vento lento. a espreitar da minha janela para o meu medo.depois a noite que é sempre noite. maldita noite,há momentos em que te preferia morta. a noitee as luzes, que se parecem com relâmpagos,a dirigirem o vento para a minha janela. e o medodos relâmpagos e do assobiar sombrio do vento.a noite a entrar pela minha janela. lentamente.ah malditas noites, iguais a todas as noites, iguais às trevas que eu sou também,eu que aprendi a destruir todas as sedas e a deixar-me devorar para comer,eu que descobri como transformar em água o sangue da poesia dos outros,se não aprender a amar-vos, quero-vos despidas, mortas e devoradas por cães selvagens! ensinem-me agora a amar-vos ou morram e deixem que brilhe o sol pela eternidade. o vento, devagar, a espreitar. a noite, lentamente, a entrar pela minha janela. o assobio sombrio do ventoe as luzes que se parecem com relâmpagos. o medoe o meu medo de relâmpagos. a minha janela e eu, sozinho, na minha cama com a noite. tanto tempo devagar.* 20/12/2003