L.
Maio 21, 2025
Gostas de correr riscos?
Há nomes que não se dizem. Outros, dizem-se com o corpo inteiro.

Chamava-se L. Só isso. L. Nunca me disse o nome completo. Dizia-me que nomes inteiros eram promessas que não queria fazer. Gostava de homens que ardiam. E eu, naquela altura, ainda fumegava por dentro.
Era um animal sem trela. Lia Bukowski em voz alta enquanto me masturbava. Tinha sardas nos ombros, cheiro a gasolina e saliva de chuva. Uma vez, disse-me ao ouvido:
— Quando te cavalgar, não quero parar até ver estrelas ou sangue.
Foi o mais próximo que tivemos de um contrato.
Naquela noite, o carro era meu. A ideia foi dela.
Ela meteu-se em cima de mim, riu, e arrancou as cuecas como se estivesse a rasgar o céu. A chuva batia nos vidros como pregos. A estrada deserta, húmida. O volante preso entre os meus pulsos. O corpo dela quente, já a esfregar-se em mim, já a posicionar-se, já a encaixar-me lá dentro — fundo, devagar e depois brutalmente.
— Quero foder contigo enquanto guias. Quero ser fodida a cem à hora. Quero morrer se for preciso.
Ri-me. Devia ter travado ali. Mas em vez disso, disse:
— Mete o cinto. Ou não metas. Escolhe tu. Mete o que quiseres.