Lisboa
Fevereiro 05, 2012
o cimento cresce cruel na tua pele,
mas o rio, infinito, insiste em passar
pelos becos e avenidas nos teus braços
de gaivota de vidro e giz
a luz insiste em quebrar todas as janelas
as moscas esvoaçam loucas
pelos bairros brancos no teu corpo pouco virgem
e as formigas crescem nas calçadas portuguesas
como lixas infinitas
o aroma a beringelas escapa-se
pelos buracos de fechadura de portas muito antigas
nas escadarias, sombras caminham calmamente,
agarradas a corrimões de madeira e fogo,
como se fossem pessoas de areia e arame