no ventre da noite
Julho 31, 2025
os dedos agitam o mel
no ventre da noite
onde tudo o que respira
é sonho ou presságio
há uma luz que não pertence
desfaz-se em pele húmida
como se o tempo se colasse aos ossos
e sussurrasse debaixo da língua
os olhos dela
abertos ou não
são margens de um lugar sem mapa
há um rumor dentro da sombra
algo que se move e se esquece
como um nome dito muitas vezes
até deixar de ser nome
sal
e um gesto por dentro da noite
o lençol é uma página escrita
com líquido invisível
as constelações trocam de lugar
só para que ninguém as encontre
ou para que ele nunca saiba
de onde veio o ardor
ali onde o silêncio se curva
onde os dedos agitam o mel
como se fosse um rito
ou uma despedida que ainda não sabe