Os Amantes
Julho 14, 2024
antes de começarem a viagem
apagam a luz com lentidão e cuidado
mergulham na saliva
e fingem estrangular uma flor
na silhueta da nudez
nota-se:
o caminho para o olimpo
não é plano no início
começa por haver
dois verões lado a lado
a ensinarem poesia
à boca faminta
antes do paraíso
os dedos deslizam no vidro
até ao perfumado estuário
e aguardam um gesto insinuante
seguem-se o desassossego
o mel viciante
e a breve tontura –
ébrios e entregues à avidez
à vertigem
seguem-se o gemido
e os arcos
como se a terra tremesse