Não é escolha. Não é calma. É raiva. Raiva presa num corpo que não obedece. Dizem que o desejo é da mente, mas quando o corpo não responde, a mente grita. E ninguém ouve. Acham que quem não se mexe, não sente. Acham que a abstinência é uma consequência natural da paralisia — como se o toque, o calor, a vontade também tivessem morrido quando os músculos pararam.

Mas não morreram. Estão aqui. Presos. Implorando por pele, por fricção, por um olhar que não seja só piedade. A carne quer. E o mundo finge que não vê.

A solidão sexual não é falta de libido. É excesso de invisibilidade.