segredos *
Outubro 14, 2004
tenho na língua um deserto cruel de palavras,
um áspero e vazio sabor a ferro vermelho
e a pedaços de árvores queimadas pela noite.
vejo nitidamente o nascer de novas estrelas
para além dos limites das três mil galáxias,
mas não consigo ouvir-me no universo local.
enquanto o medo das reticências canta elegias,
(o mesmo poema infinito que cantam os átomos
no momento da rotura dos músculos de mozart),
o barómetro vai indicando o silêncio máximo
e o iodo acumula-se nas feridas sem as tapar.
pouco importam os leitos secos e o leite derramado:
já não sei se sou eu que não falo ou tu que não ouves,
já não sei se quero ficar ou ir para nenhum lado.
* 03/02/2004
um áspero e vazio sabor a ferro vermelho
e a pedaços de árvores queimadas pela noite.
vejo nitidamente o nascer de novas estrelas
para além dos limites das três mil galáxias,
mas não consigo ouvir-me no universo local.
enquanto o medo das reticências canta elegias,
(o mesmo poema infinito que cantam os átomos
no momento da rotura dos músculos de mozart),
o barómetro vai indicando o silêncio máximo
e o iodo acumula-se nas feridas sem as tapar.
pouco importam os leitos secos e o leite derramado:
já não sei se sou eu que não falo ou tu que não ouves,
já não sei se quero ficar ou ir para nenhum lado.
* 03/02/2004