segredos *
Outubro 30, 2004
A m o r t e d a p o e s i aUma explosão nuclear na cidade dos sonhosincendiou até as metáforas mais distantes.A devastação é enorme, cruel, vermelhae, de pé, restam apenas algumas sílabas.Há poemas novos completamente destruídos,ficções em ruínas a desabar em confidências,pensamentos submersos em lamas lilasese frases em sangue rasgadas pelas reticências.Embora longe deste negro cenário terminal,o mar chora a morte prematura da poesiae as suas lágrimas brilhantes são fotõesque tentam desesperados penetrar a treva.Mas onde houver um rio e um homem vivo,onde houver mulheres e corpos de cristal,onde houver desejo e beijos de jasmim,há também uma fonte de palavras prontas.Sempre que morre um poeta, nasce uma flore das suas pétalas nascem as cores e o orvalho,e à sua volta nascem as mãos e os sorrisos,e da alva simbiose, nascerá de novo a poesia.* 14/04/2004