Florbela Espanca
Dezembro 16, 2020
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Dezembro 16, 2020
Março 27, 2012
Enche o meu peito, num encanto mago,O frémito das coisas dolorosas...Sob as urzes queimadas nascem rosas...Nos meus olhos as lágrimas apago...Anseio! Asas abertas! O que tragoEm mim? Eu oiço bocas silenciosasMurmurar-me as palavras misteriosasQue perturbam meu ser como um afago!E, nesta febre ansiosa que me invade,Dispo a minha mortalha, o meu bruel,E já não sou, Amor, Soror Saudade...Olhos a arder em êxtases de amor,Boca a saber a sol, a fruto, a mel:Sou a charneca rude a abrir em flor! Florbela Espanca
Janeiro 25, 2012
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca