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Abril 06, 2016
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Abril 06, 2016
Setembro 19, 2012
as sombras vermelhas
da tua dor
repousam caladas
sobre a carne
de um corpo doente
e a imobilidade do vento
não chega para afastá-la
as cidades são muito cinzentas
sempre
que uma ave
me morre nas mãos
não estou a perceber o que escrevo,
mas gosto
Maio 29, 2012
tens um pássaro
a voar-te dentro dos olhos
e um lince nas veias
Maio 28, 2012
ainda recordo bem o nó que me ensinaste.
Abril 12, 2012
o erotismo de minha casa
está na relva
e nas montanhas
Abril 05, 2012
um plano inclinado sensações sabores ajoelhados sinusóides de emoções hipérboles excessos abusos ângulos a tender para o infinito e teoremas obtusos movimentos de corpos fricções e sonhos mareados ondas opostos de costas elipses poemas de mel curvas sórdidas rectas obscenas delírios medidos altiva dependência do desejo delíquio dos sentidos a inércia que se segue um mas tem que ser camel funções três dimensões eixos gráficos hipnóticos de regresso aos limites axiomas doces derivadas integrar as mãos os lábios e os olhos neuróticos a correlação o comprimento palavras e coordenadas um sorriso e os valores esperados nos deltas eróticos o inverso e o simétrico também verdades imaculadas. |
10-3-2003 |
Março 31, 2012
o rápido infinito
teima
em não passar
Março 27, 2012
nas mãos de uma pedra
repousam os anéis de vidro
e as sombras de sabão
Março 23, 2012
de carne morta, como se um fantasma vermelho lhe existisse,
a musicalidade obscena de uma mentira virou-me o corpo do avesso.
o sangue pinta-me a pele de tortura e um espectro de chumbo,
verde e nevoento, grotesco como a nudez da morte numa gaveta,
com a força esfíngica de uma tempestade intemporal,
precipita-se sobre a certeza dos meus ombros,
esmagando-me os ossos como se de água fossem.
olho para cima, vejo apenas os músculos de um mar que já foi gente.
gostava de poder falar-lhe ao ouvido,
de lhe contar as aventuras de um pássaro que aprendeu a voar sozinho,
gostava de o abraçar e sintetizar-lhe na pele a fisionomia de uma recordação,
mas o sangue negro que o envolve escapa-se-me entre os braços e o medo,
o assobio de um ramo vestido de sombras
impede que a chama dos ventos cá dentro lhe segredem: calor.
não gosto de começar um verso com a palavra não, mas
não há como fugir ao som desafinado de um não
se entoado pelo vazio no vazio da memória. serás capaz de o entender?
a fuga das marés para a noite arrasta com ela todos os bichos,
mas o regresso das andorinhas ao alvoroço madrugador,
acorda de novo o tridente que tenho cravado nas pernas,
amarra-me ao pesadelo do silêncio e dos contos por acabar.
Março 16, 2012
ser em breve o segredo do pólen
na tua língua a novidade do rio
o sabor imenso ser a tua lágrima
a serenata de espuma combustível
no teu ventre relâmpago virgem
ser-te o espaço e o espaço seres tu
e a fantasia de sermos um só violino
na mão de um anjo sermos os lírios
e a voz do vento na seara dos dias
os carrascos implacáveis da insónia
da sombra e dos cavalos vermelhos
destilar tinta branca e beber os espinhos
com dedos de sol esticados a desenhar
longos os momentos longos do mar
na pele os lábios e para sempre nós
e nenhum tempo para sermos breves