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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

LATE NIGHT SECRETS

Fevereiro 13, 2023

no poema "de pedra e cal", Andre Breton diz:

 

...

Rio de estrelas
Que levas os sinais de pontuação do meu poema e dos poemas dos meus amigos
Nunca se deve esquecer que tu e esta liberdade vos tirei à sorte
Vos ganhei para só tu
Chegares deslizando por uma corda de orvalho

...

 

como podem ver: "não sou o único a olhar o céu"

LATE NIGHT SECRETS

Janeiro 16, 2012

corto viaggio sentimentale, capriccio italiano (6ª estrofe)
António Franco Alexandre, Quatro Caprichos, Assírio & Alvim.




quero dizer-te: não morras.
Nem me digas quem és, quem foste, como sabes
a língua que se fala sobre a terra.
Ao lume lanço
toda a vontade de viver, ser vivo,
a cautela do ar, ardendo em torno.
Passarei, terás passado em mim, só quero
dizer-te: não morras nunca, agora, nunca mais.


LATE NIGHT SECRETS

Outubro 17, 2011

P a r t i d a


(Jean-Arthur Rimbaud, Iluminações, Assírio & Alvim)


 


Demasiado visto. A visão percorreu todos os ares.
Por demais sofrido. Rumor das cidades, à noite, ao sol, e sempre.
Por demais sabido. As estocadas da vida. - Ó Rumores e Visões!
Partida no afecto e no ruído novos!


 

LATE NIGHT SECRETS

Janeiro 05, 2011

Princípios - Nuno Júdice


 


Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.


Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.


Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.

LATE NIGHT SECRETS

Março 08, 2010

Penso nisto muitas vezes.


 


António Ramos Rosa,
Deambulações Oblíquas, Quetzal Editores

Este poema é absolutamente desnecessário
pela simples razão de que poderia nunca ser escrito
e ninguém sentiria a sua falta
Esta é a sua liberdade negativa a sua vacuidade dinâmica
e o movimento da sua abolição
a partir do seu vazio inicial
Mas qual é a sua matéria qual o seu horizonte?
Traçará ele uma linha em torno da sua nulidade
e fechar-se-á como uma concha de cabelos ou como um útero do nada?
Ou será a possibilidade extrema de uma presença inesperada
que surgiria quando chegasse a essa fronteira branca
que já não separaria o ser do nada e no seu esplendor absoluto
revelaria a integridade do ser antes de todas as imagens
a sua violência inaugural a sua volúvel gestação?

...

Setembro 15, 2008

SEGREDOSei um ninho.E o ninho tem um ovo.E o ovo, redondinho,Tem lá dentro um passarinhoNovo.Mas escusam de me atentar:Nem o tiro, nem o ensino.Quero ser um bom meninoE guardarEste segredo comigo.E ter depois um amigoQue faça o pinoA voar...                  Miguel Torga, in "Diário VIII"

...

Novembro 20, 2007

e m   n o m e   d a   t e r r a
 


Vergílio Ferreira, Em nome da terra, Bertrand Editora


«Porque a grandeza, querida Mónica, não tem bem que ver com o que fazemos mas com o que não faz em nós o animal, que tem muita força e precisa de uma força maior para a não ter.»

LATE NIGHT SECRETS

Fevereiro 03, 2007

Em dias como o de hoje (frios?), gosto de ler autores estrangeiros sobre Portugal e os seus. Ainda que no e pelo passado.


Jorge Luís Borges, em tradução de Miguel Tamen.


 


A   L U Í S   D E   C A M Õ E S



Jorge Luís Borges, O Fazedor, DIFEL


 


Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
e o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se áquem da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida Lusitana.

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