é por ti que os rios se apressam para o mar...
Dezembro 24, 2020
é por ti que os rios se apressam para o mar
procuram nele o fulgor do teu rosto
sem saberem que o mar não sabe brilhar igual
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Dezembro 24, 2020
é por ti que os rios se apressam para o mar
procuram nele o fulgor do teu rosto
sem saberem que o mar não sabe brilhar igual
Dezembro 22, 2020
as ondas marcavam o ritmo do corpo. o ritmo do nosso amor. os teus lábios despertavam arrepios em partes que eu não sabia ter. eu mordia, chupava e saboreava as cerejas. segurava-te os braços contra a areia. forçava-te a unir as mãos sobre a cabeça e mantinha-as algemadas com o meu desejo. naquela posição, quando arqueavas de prazer, os teus seios quase rasgavam a camisa e erguiam-se para a noite como que implorando ar.
Dezembro 20, 2020
tínhamos procurado o refúgio noturno da praia. fabricávamos o azul. as minhas mãos alternavam entre as cerejas e o muito húmido mar. estávamos tão juntos. entre nós só cabiam a ternura noturna e o azul. e o vermelho. a confusão dos corpos e o ardor do mar. por vezes, o rumor ou a explosão.
a noite estava plena de lua, os seus braços estendiam-se até ao teu rosto e acariciavam-no, abrilhantando-o com reflexos de prata. o teu rosto sob a lua. fulgurante. claro.
as mãos e as vertigens.
a pele.
lembras-te de como as tuas mãos derramavam desejo?
lembras-te de como as tuas mãos derramavam desejo?
sentia-me mais bonito nas tuas mãos. ainda sinto. máquinas do tempo. viajavam-me nas costas imitando uma fera enjaulada, repetindo incansavelmente o percurso entre cada ombro. só o calor do teu corpo tornava real o momento. tudo o resto me parecia sonho: as cerejas no teu corpo; as estrelas refletidas no teu sorriso; as serpentinas azuis; a textura das tuas pernas.
pensávamos ser ilha.
Dezembro 10, 2020
a escuridão trazia um aroma inebriante a maresia que se combinava com o cheiro da água doce do rio. misturavam-se ambos com o frio e, em conjunto com ele, eram um álibi perfeito para tudo o que nos unia naquele momento.
Dezembro 10, 2020
olho o mar: cada onda me recorda a primavera, arqueada na tua pele. o branco: a rebelião no teu grito, a avidez dos dedos a penetrarem a juventude. o azul: sereno, infindável, forte. a recordação da tua voz.
o persistente e fresco perfume, deixado pelo sal e pelos teus olhos fechados, era o hálito do nosso desejo. a fagulha. o princípio do fogo, o início do infinito. o lume no nosso sangue. momentos cálidos em que os gestos de cada um eram os gestos do outro e, outra vez, o mar. agora, nos teus dedos.
o amor era urgente e tu eras urgente. era urgente a certeza da incerteza e, outra vez, o mar. dos dedos aos lábios.
Novembro 30, 2020
dar-te a mão
ainda que o mar seja só sangue
e a saudade parta o corpo em pedaços
Novembro 23, 2020
ardes no meu sangue sempre
que faço comprimido das palavras
e sempre as chamas roçam a memória
se tens asas
é porque da tua alma desponta a transparência
ou o vitrificável fulgor
com que me consome o teu fogo durante o silêncio
é porque o teu sorriso vibra como adolescentes
chegas e com o coral que te cresce nos dedos
desenhas-me o sossego no peito
cruzaste a vida e o mar
com a urgência esdrúxula das marés
talvez sejas só um pássaro marítimo
e talvez venhas só de um rumor longínquo