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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

na vila onde o mar espera

Maio 09, 2025

era noite
e o vento vinha nu
das dunas.

não havia casas,
só areia e sal
e o teu corpo a um sopro do meu.

não falavas,
mas os teus dedos
tinham a linguagem do lume.

o mar, ao fundo,
respirava como um bicho cansado —
sabia de nós
antes de nós sabermos.

e então
o beijo:
não pedido
não dado —
rasgado
como se a boca fosse
um lugar de naufrágio.

ficou-nos o gosto:
mar,
pele
e o silêncio a arder
devagar.

...

Maio 08, 2025

Querida P.,

Há uma vila piscatória sem casas nem ruas — feita apenas de areia, vento e sal. Não aparece nos mapas. É uma dobra do litoral onde a noite se demora mais que o necessário. Chamam-na de Esperança Baixa, mas para mim, ela tem o teu nome.

Ali, o frio não é ausência — é presença. Um animal invisível que se aninha por dentro da pele, que se espalha devagar. E foi numa dessas noites que tudo se concentrou no espaço estreito entre nós, onde o silêncio parecia respirar.

O mar estava escuro e o vento passava por nós como mãos invisíveis. Teus dedos roçavam os meus, mas o toque não bastava. Havia tensão no ar, entre os nossos rostos, como se o tempo tivesse parado à espera daquele instante. Quando o beijo chegou, não era terno — era faminto. Salgado. Quente. Uma entrega que começou com a boca, mas que incendiava tudo por dentro. A tua língua era maré — avançava, recuava, e voltava com mais força. O mundo desapareceu ali, entre respiração e vertigem.

Desde então, essa vila volta em mim. Quando a noite cai torta ou o vento traz o cheiro do mar, é como se atravessasse de novo aquele momento suspenso. Às vezes penso que voltas também — não com os pés, mas com a memória, sem querer.

 

Com a saudade que não passa com o tempo, só com o corpo,

L.

P. - V

Fevereiro 06, 2018

a magia do momento com a P. perdurava ainda. no ar que respirava; no ar que não respirava. quando, passado algum tempo, me levantei de onde estávamos deitados, me sentei ao lado dela e lhe disse que tinha de ir, a P. apertou-me mais a mão cujos dedos estavam cruzados com os meus há já alguns minutos:

- tenho que ir trabalhar, P.

- tens? – rodou sobre ela própria, sentou-se ao meu colo e olhou-me, como eu já conhecia, com o mundo todo nos olhos. o universo pertence-lhes – com eles a altura das nuvens é curta e a noite menos fria (amo imaginá-los espraiarem-se nos meus quando o rumor dos pássaros desaparece e se acendem as estrelas). colocou as mãos nos meus ombros e empurrou-me com ternura. forçando-me a deitar-me novamente. deitou a cabeça no meu peito. abriu de novo as imponentes asas e disse-me, com voz arrastada, que era pena pois tinha outros planos para nós:

- que planos, meu anjo? – perguntei, adivinhando a resposta.

sentou-se de novo, sorriu ligeiramente e deixou-se deslizar até eu estar novamente dentro de um sonho. tinha os braços esticados e as mãos no meu peito. os dedos: a luz mais limpa, de água. fontes de aves. respiro, toco, desejo. transparentes navios, navegam águas paradas. como gazelas em busca. no meu peito.

 

P. - IV

Fevereiro 06, 2018

a sala onde entrei era muito ampla e estava totalmente vazia. no centro elevava-se, do chão ao teto, uma coluna de fumo nascido sabe-se lá de onde. as paredes eram roxas, o chão era em grandes quadrados de mármore cinzento muito claro, brilhantes e com veios finos, atabalhoados, de um cinzento mais escuro e que formavam um único losango a cada quatro mosaicos. o teto era de um branco imaculado e em de cada um dos cantos pendia um projetor de cor exatamente igual à das paredes.

o fumo ia desaparecendo e no seu lugar ia-se desenhando a magnética silhueta de uma mulher. naquele contorno – pulsar do universo – delineava-se a agitação das marés. havia nele o céu e um jardim.

a nitidez ia aumentando. de baixo para cima. está descalça. olhei para o lado e, novamente como que por magia, a P. já não estava lá – não estava em lado nenhum (tenho tanto para lhe dizer). olhei novamente para o fumo. já consigo perceber que está de saia. afinal é um vestido. curto. é magra. não é um vestido. é uma túnica. branca, larga. tem umas pernas bonitas. o peito a vincar ligeiramente a túnica e a fazer promessas através do tecido. o pescoço como o caule de uma orquídea. fino. fina flor. P.?!

aproximei-me. a P. segurou-me no rosto e, enquanto ela me olhava fixamente, aquilo que logo a seguir eu soube serem umas asas, perfuraram as costas da túnica e abriram-se, majestosas, por trás dela. puxou-me para ela e beijou os meus lábios com a avidez das ondas. a língua dela explorava cada recanto da minha boca. ternurenta e húmida luta.

ao beijar-me, colocou as asas sobre nós como uma tenda. um abraço branco. uma tenda que podia esconder o vento nos moinhos e as ondas na praia, que podia até esconder o ar, mas que não escondia os lírios nem a claridade na pele dela. não escondia o desejo. revelava calor e pela terceira vez: magia. a túnica. se são claros os meus sonhos é porque neles se ergue aquela perfeita nudez e as curvas sossegadas daquele corpo vida que estava à minha frente. lá dentro existia um único problema: o corpo não ter a coragem do sangue como os juncos abraçam a margem mais sombria dos rios.

enquanto os seus lábios combatiam devagar e serenamente com os meus e a sua mão direita se mantinha no meu rosto, senti que a esquerda deslizava. primeiro com suavidade pelo meu pescoço, depois, ao descer o meu braço, agarrava-o e fazia alguma força. conforme ela descia pelo meu braço, um quente tremor acompanhava o movimento e, em total sincronia, descia-me pelas costas, obrigando-me a cerrar ainda mais os olhos, a soltar-lhe os lábios e a inclinar a cabeça para trás. quando chegou à minha mão entrelaçou os dedos nos meus, levantou-me a mão e logo a pousou sobre o próprio corpo despido, por forma a eu sentir o seu descompassado coração. sorri. ao pousar a palma na pele, toquei-lhe levemente com as costas dos meus dedos no peito. um ligeiro sorriso e um suave gemido autorizaram-me a ir mais longe. depois de algum tempo a sentir-lhe o coração, beijei-a ainda mais profundamente e, com requintada sofreguidão, acariciei-lhe um peito. a P., sem tirar a boca da minha, voltou a sorrir e a gemer. o corpo estremeceu-lhe. colou-se a mim. deixou entre nós apenas o espaço necessário ao movimento da minha mão pelo seu corpo. sem palavras, com um novo e quase impercetível gemido, pediu-me que continuasse. depois de me sentir tocar-lhe o outro peito, a P. aumentou a velocidade de tudo e quase me rasgou a camisola tal a voracidade com que me ajudou a despi-la. a ternurenta lentidão inicial era agora a pressa de um animal a fugir do fogo.

o peito da P. gemia no meu. ela abraçava-me, protegia-nos com as asas. com os dedos, cravados nas minhas costas despidas, ia desenhando longos e rápidos rios na minha pele. eu também a abraçava. mãos logo abaixo da saída das asas. puxei-a para mim com alguma força. o seu peito gemeu ainda mais alto. deixei as mãos descerem e peguei-a ao colo. ela recolheu as asas e eu rodopiei de alegria e antecipação.

dei três ou quatro voltas e voltei a pousá-la. fixámo-nos e, de novo, se fizeram lentidão os nossos movimentos e o nosso olhar. as paredes mudaram de cor e eram agora azuis. profundamente azuis. coloquei as mãos nos ombros dela e num suave, mas firme, decidido e rápido movimento virei-a de costas para mim. abracei-a. fundi-me. sobravam-me os dedos e a sombra que projetavam na linha de pétalas que gritava calor, fogo e humidade.

também rápido foi o movimento com que a P. me despiu. já não sabíamos nem queríamos a lentidão. era à velocidade dos furacões que agora ardíamos. encostei-me nela e beijei-lhe os ombros. fui descendo e beijando-lhe as costas (que pele; que suavidade) até estar de joelhos atrás dela. as minhas mãos foram acompanhando a minha descida na parte da frente do seu corpo. seguraram-lhe os gemidos e o peito, deslizaram para a brandura do ventre e, quando já estava de joelhos, os dedos penetraram a pérola vermelha das rosas. subi-lhe de novo aos ombros e, pelo caminho, fui-lhe desenhando nas costas uma estrada de saliva e fogo. já de pé, beijei-lhe, húmida e profundamente, os ombros e o pescoço. sussurrei-lhe:

- Vamos fazer isto?

a voz saiu-me trémula e rouca. a P. deixou cair a cabeça para a frente – quase como se desmaiasse – e com um ligeiro e silente aceno disse que sim.

entrelacei-lhe os dedos no cabelo e puxei-o ligeiramente. fiz apenas a força necessária para que ela voltasse a endireitar a cabeça e arqueasse o corpo. a todos os meus gestos ela correspondia com a carnalidade própria do desejo. ver a P. despida e totalmente entregue ao nosso anseio estava a enlouquecer-me e a excitar-me muitíssimo. naquela nudez poderia escrever-se o deleite do sangue. colei-me ainda mais a ela e, sem lhe largar o cabelo, explorei, com infinita ternura, cada uma das linhas do seu corpo: as costas; as ancas; os flancos; o peito. forcei-lhe um pouco as pernas para que as abrisse e penetrei-a. ambos libertámos naquele momento o gemido que durante anos acumulámos. primeiro lentamente e depois com a velocidade dos vulcões a explodir - e novamente muito lentamente – fizemos amor até detonarmos um violento arrepio que terminou com as minhas lágrimas a caírem-lhe nas costas:

- Que se passa, L.?

- Passa-se alegria.

P. - III

Fevereiro 06, 2018

reencontrar a P., ao fim de tanto tempo, foi como se a primeira gota de água do mar falasse e me explicasse a dança das flores. foi um relâmpago que atravessou as sombras e que, com luz, abriu portas que julgava trancadas e seladas. tinha prometido a mim próprio que não voltaria a abri-las, mas muito rapidamente ela as destrancou e, como que por magia, me transportou para o interior.

lá dentro, as imagens eram nítidas, mas antes de entrar tudo era sombra. tinha o corpo enrolado e estava preso numa apertada jaula de vidro. o ar não entrava. estava despido e não respirava. era como um polvo sem braços. assustado como uivos. o sangue pesava de angústia. tinha frio. tinha medo.

mesmo ao longe: feridas. as veias e artérias eram um confuso labirinto de sombras. uma vermelha canção de lágrimas pelo que podia ter sido ou então escuridão: tatuagens da noite. estava cansado de sentir a transparência frívola das ondas a tombarem sobre o meu cérebro como balas de água.

a solidão é asfixiar a cada instante. não ter a claridade das palavras. música instrumental. são pálpebras cansadas. é o constante perder de batalhas antes que comecem. é estar sempre do lado errado das portas.

apesar de tudo, a solidão já não é nova: já vem do tempo em que eu chorava e os fantasmas verdes voavam no meu corpo. só que antes eu fugia e escondia-me atrás das paredes e hoje já não há paredes suficientemente altas para ocultar o meu cansaço.

nunca mais.

perdido o passado num sonho que não sonhei: resta a voz e a magia. talvez reste um espaço para eu morar: um teto que me permita voar e me proteja do frio; que me proteja das tempestades e que impeça o vento.

P. - II

Janeiro 01, 2018

depois de Leiria, o rosto da P. alterou-se ou mudou a minha forma de o olhar: ao seu sorriso adequava agora um rio como se lhe tivesse corrido dez mil anos pelo rosto – pelo sereno e delicado leito das estrelas.

morávamos longe e mil cartas se seguiram. escrevia-lhe não só por profunda necessidade, mas também porque não podia gemer em conjunto com o coração que ela tem na boca, porque era a única forma de enterrar palavras nela, por ser a única forma de sentir o seu sangue no meu.

apesar de agora haver o infinito todo entre nós e aquele dia, é ela que com o seu estrondoso silêncio faz da água deserto e dos meus olhos primavera. mesmo invisível, a P. continuou sempre a existir em mim. no meu sangue. nos meus lábios. na minha cabeça. no corpo. na alma. é silêncio o rumor do mar. furiosa agitação da carne, onde grito o seu nome. na esperança que me ouça e regresse para me resgatar da sombra.

a P. e o que sinto por ela não deixam espaço aos demónios e aos medos. nos meus sonhos a nudez dos fogos é o seu corpo e a silhueta de flores que nasce no seu ventre.

cada segundo que agora temos entre nós é sangue, é uma lágrima que se desprende do corpo e cai num mar de sombras que já transborda. na sua atual face de rainha brilham dez mil estrelas e, também nela, o fulgor do sorriso: árvore e rio, os olhos: desassossego e a boca solar: calorosa voz – calorosa luz. com a P. eu sabia como ser água ou fogo, como ser a lentidão dos amantes ou a brevidade do grito na leve resistência do sangue. sabia como ser gazela flutuante ou a intimidade do linho no corpo de uma serpente. magoa-me a memória das escaras que, no meu peito, abria com os lábios azuis. a morte? foi carne e espírito a voar-me rebelde entre os dedos: inesquecível e perplexa primavera na pele, pássaro caído dum céu cujo desenho não entendi. é assim que tudo termina? num fundo rumor? com gritos que atravessam o infinito? gritos vindos do passado presente?

 

 

 

 

P.

Dezembro 08, 2017

gravado em ameias e muros, em pinheiros e areias, o grito mais claro: o sol. como banda sonora da insónia: dedos cruzados na memória e fotografias antigas. a P. estava ainda mais bonita. todos os versos alguma vez escritos significam que estava ainda mais bonita. os amplos relâmpagos de brilho no seu sorriso, nesse dia, abriram fogueiras maiores.

estava ainda mais bonita. cada onda no mar, cada duna no deserto. cada fonte de água fresca nos seus lábios. cada flor que nasce na terra. o caule. as pétalas. é bonita.

comecei a escrever com a intenção de lhe dizer que é bonita o mesmo número de vezes que, num dia, recordo o quanto é bonita. depois achei que ficaria cansativo e decidi dizer-lhe apenas: quero-te! como fazem os loucos: falar apenas com o sangue.

é bonita.

quando me dava a mão, quando éramos tronco na mesma árvore, sentia terramotos no corpo, mas isso não é só por ser bonita. isso só causaria arrepios. é por ser a mulher mais bonita do mundo e estar a tocar-me.

lembro-me que as ruas de Leiria pareciam pequenas e não tinham capacidade para suster a nossa alegria. lembro-me das suas mãos e da forma solar como agarravam as minhas. lembro-me da sua voz sorridente. que a frescura da sua pele era maior que a das chuvas florestais e que as aves que repousavam na sombra do seu corpo de luz penetravam nos meus olhos como se o infinito parasse. as ondas que lhe nasciam nos olhos, que lhe cresciam no peito, que se lhe enrolavam na cintura e se espraiavam nos seus pés, traziam na crista fragmentos do meu desejo e lançavam-nos para as margens do seu corpo dando nova vida às minhas ânsias.

o dia sorria e parecia ter um acordo com a nossa descontrolada alegria. também a sorrir, fomos visitar o castelo e, lá chegados, tirei do bolso o pequeno canivete que anda sempre comigo e, a letras fundas, gravei na primeira árvore que nos olhou:

tocar brevemente na P.

é como se beijasse longamente

a única ave do planeta

L. & P.

 

a P. leu, sorriu, agarrou-me pela mão e, puxando-me, correu até à muralha, até ao local onde uma fresta permitia-nos ver a cidade e por onde o Sol, quase deitado, estendia os braços, entrava, misturava-se com o pó e desenhava traços de luz paralelos ao chão.

um desejo, que há muito vinha crescendo, tornou-se demasiado grande para ser segurado dentro de nós. a P. segurou-me na cabeça, puxou-me para muito perto dela e, com tudo parado ao nosso redor, com uns olhos que tinham o mundo todo, disse-me, em lento silêncio, que queria que eu a beijasse.

quando os meus lábios tocaram os dela, um arrepio, não sei se de frio ou calor, percorreu-me o sangue e quase me paralisou.

o dia não foi menos que perfeito. aliás, teve um defeito: terminou. embora, nunca tenha terminado. a eternidade existe e é aquele dia.

Leiria ligou-nos de uma forma que eu não sabia possível. tudo era azul. no entanto, poeira muito negra meteu-se entre nós e separou-nos. poeira para a qual só agora, passados mais de vinte anos, consegui uma possível explicação: medo. tive medo. não estava preparado e fugi.

durante aqueles meses, a P. proporcionou-me alguns dos mais alegres momentos de que me recordo. e alguns dos mais tristes também. nem daqui a um milhão de anos, a memória de a ver chorar, pela primeira vez, será mais leve. choveu sem chover. relâmpagos e trovões mudos. frio. tudo se fez silêncio e demora. só o ritmado som das lágrimas, a embaterem-me com violência no rosto, não era lento. depois, mais lágrimas e o ar a rarear ao meu redor. crianças ensanguentadas, deitadas na minha garganta, dentro da minha boca.

em oposição, gravei também um momento de meses. a boca. a música. a franja. as tendas demasiado pequenas. a voz. a noite. até uma beata de cigarro, acesa, a rolar ao sabor do vento nas solitárias e húmidas areias noturnas.

uma beata ao sabor do vento. como uma rosa. como um adeus. a P. os lábios dela e a sensualidade com que, por vezes, os usava nos meus. como naquele alpendre. com o frio a fazer-se calor e a pressa a transformar-se na mais perfeita lentidão. como se o sol ardesse lento na sua imagem ou rios lhe nadassem na pele despida. abraçámo-nos com tanta força. como se quiséssemos apertar entre nós aquele instante. como se o quiséssemos para sempre. todo eu queria ser a seiva que lhe arde nas veias; um animal sem sombra a comer calor no seu ventre.

todo o seu corpo, os ombros, toda ela é a geometria dos mestres. toda ela é milimétrica teia de desejo.

 

(continua – um dia)

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