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Red Tales

(...) cá estou eu, por aqui, a fingir que sou eu que por aqui estou (...)

Red Tales

>> Cuidemos de Todos Cuidando de Nós <<

 

Alguns dos textos aqui contidos são de cariz sexual e só devem ser lidos por maiores de 18 anos e por quem tiver uma mente aberta. Se sentir algum tipo de desconforto com isso ou se não tiver os 18 anos ou mais, por favor SAIA agora.

Filamento

Julho 03, 2025

para a Sofia

 

imaginar o teu nome
é acender um filamento

tão simples
tão fulgurante

filamento do sonho
que vibra, queima
e atravessa a pele da noite

nele
cabe a inocência
e a extrema lucidez
do infinito

mas o que resta
quando se rompe o filamento?

um céu apagado
um poema sem sílabas
um oceano suspenso, sem ondas

então surgem as dunas
de silêncio no corpo
e tecem-se teias
de solidão nos olhos

e as lágrimas —
ah, as lágrimas —
que a música liberta
são ecos
do filamento que foi luz

ANASTASIIA II

Junho 23, 2025


as manhãs chegam-me com o contorno do teu rosto
como se a luz te imitasse em silêncio, passo a passo
e o ar herdasse o teu nome sem saber dizê-lo

vejo-te nos gestos da brisa sobre a relva alta
nos cabelos das árvores quando o vento as visita
e nos sorrisos secretos das águas muito claras

o teu corpo é mapa e miragem, caminho e naufrágio
é onde a razão se curva e o tempo aprende a parar
és instante suspenso em corda de violoncelo
és fuga e presença no mesmo verso que invento

se te escrevo é porque o mundo se torna suportável
é porque tua imagem doma em mim o desatino
é porque o amor se recomeça no teu perfume
é porque existes — e isso basta para que eu cante

A Casa Por Fazer

Junho 12, 2025

Inspirado por Trivial (https://contame-historias.blogs.sapo.pt/trivial-186383). Poema que gosto muito. Espero que a autora não se importe.

 

Estamos cheios de silêncio.
A morte passa —
leve, quase nada.
Um sopro de sorte,
um golo de sol
na boca da tarde.

Sobe o gesto,
entre a dobra da camisa
e a memória da pele:
um cheiro antigo,
um regresso adiado.

A rua desce
até ao bar vazio.
Na mão,
dois tostões,
preço do coração
e de uma sombra sentada no canto.

No copo,
a sede de um nome
que ainda não conhecemos,
e do lugar onde amanhece
sem termos lá estado.

A casa veste silêncio.
Não tem telhado,
nem chão —
só estrelas cansadas
de esperar o céu.

E o poeta,
com os olhos cheios de longe,
permanece:
uma parede por subir,
uma palavra por nascer,
um lume por acender.

O tempo chega sempre
antes do poema.

 

A Seiva das Palavras

Junho 10, 2025

baseado noutro poema que está por aí. fica o desafio de descobrirem qual :) e ganharem a minha valiosa admiração :)

da boca solta-se-lhe
o silêncio das violetas tardias
como se a voz guardasse
o sal dos dias por nascer

cada sílaba é sombra
ou claridade no olhar
– ouso
fazer delas gesto e seiva

é um rumor de vento
que me atravessa o peito
e desalinha os astros

como a dança do trigo
ou carta sem remetente
mas sempre de setembro

 

MAR

Junho 08, 2025

gosto desses lugares

no teu rosto

onde a pele arde, salgada,

com o lume do toque iminente

 

insubmissos os dedos

mergulham

na carne húmida do teu centro:

talvez dentro de ti

haja brasa ou abismo

a abrir-se em ondas

 

ou talvez no alto do teu peito

se ergam dois frutos de maré —

firmes, oferenda viva —

a chamarem a minha boca

CORPO A CORPO

Junho 07, 2025

as mãos falam antes da boca
no gesto que não se mede
és verbo que se declama
na pele que arde e cede

os corpos buscam-se, cegos
sem pressa, sem direção
sabem-se a cada toque
em plena combustão

os teus lábios descem
onde o meu nome vibra
e fico

inteiro em ti
na entrega crua
do rito

ISABEL

Maio 31, 2025

Na enseada azul do teu verso nascente,
Onde a palavra é espuma e a sílaba é vela,
Navego descalço sobre a brisa ardente
Do teu canto, que me revela.

Há em ti um sorriso que encabula o mar,
Que o faz recuar, tímido, para o fundo,
Como se as ondas, no seu ondular,
Temessem ser menos que o teu mundo.

Teu cabelo: búzios de sol entre as marés,
Guarda o som secreto dos dias claros.
Nele há conchas que sabem às marés
E segredos de astros milenares.

Tua poesia é uma casa aberta na falésia,
Onde entra o vento com cheiro de sal.
Cada palavra tua — luz acesa —
Alinha as constelações no quintal.

Falas, e é o oceano que aprende a falar,
Fazes do silêncio uma embarcação.
Em ti, o tempo deixa de passar,
Suspenso na rede da contemplação.

És farol e cais, búzio e barco,
És marinha, líquida verdade.
Ao ler-te, torno-me mais claro,
Mais inteiro, liberdade.

E fico ali, ancorado no encanto,
Onde a tua poesia toca a areia,
Sabendo que cada verso é um manto
Que me cobre de azul - e de ti.

EVOLUÇÃO DOS CORPOS

Maio 30, 2025

és agora febre da minha pele
começaste por ser brisa nos lábios
e fizeste-te incêndio nas manhãs
o toque húmido das aves em cio

eu era só espera por silêncios
um corpo gasto de tanto não tocar
ferrugem nos ossos,
eco de gestos repetidos

eu era apenas chão seco sob as magnólias
e tu fizeste-me seiva, flor e boca
deste-me a sede e a urgência do gozo

tu és o relâmpago que me abre as coxas
o trovão que me treme o ventre
arde-me o corpo no teu abrigo

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